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A globalização, a hegemonia cultural, e a introdução de uma agenda política inspirada no multiculturalismo convidam-nos para uma nova maneira de traçar as questões identitárias. O sujeito atual é mundial, com referências e atitudes da cultura globalizada, mas em contrapartida é um indivíduo local, com a identidade das raízes ancestrais, com hábitos e expressões culturais do seu povo, do lugar de pertencimento, da regionalidade, por isso glocal, um cidadão que é global e local ao mesmo tempo.
Há uma imposição de um modelo de identidade global, onde a forma de agir dos sujeitos necessita igualar ao padrão cultural. As consequências dessa forma de atuar são identificadas no modo de normatizar valores, assim como ações e pensamentos, o que implica em um modo peculiar de relacionar-se com o mundo e com nós mesmos, ao mesmo tempo em que se torna um modelo explicativo e constitutivo da realidade do ser.
As construções de identidade são sempre realizadas como um trabalho simbólico dos indivíduos em sua cultura e com a sua cultura. Não existe uma relação direta entre atribuições de identidade e o mundo real. Por isso é compreensível que o local onde nascemos demarca nossa nacionalidade ou naturalidade, no entanto, não podemos deixar de constatar que a identificação de um sujeito com uma determinada região geográfica, antes de ser um dado que lhe é natural, é, de fato, fruto de um processo de construção social e cultural. Somos do local de origem e ao mesmo tempo do mundo, por isso somos todos glocais.
(ZENILDO SANTOS SILVA, Bacharel em Psicologia, Psicopedagogo e Mestrando pela UFSB em Ensino e Relações Étnicos Raciais)
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