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ESTUDO MOSTRA QUE PROFESSORES NO BRASIL ACUMULAM MAIS TRABALHOS E AULAS – Por Antonio Góis

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A Fundação Carlos Chagas e o instituto D3E divulgam hoje um estudo que traz uma importante contribuição ao debate sobre as condições de trabalho dos professores no Brasil. Ao compararem o volume de trabalho daqui com o de Japão, Estados Unidos e França, os pesquisadores Gabriela Miranda Moriconi, Nelson Antonio Gimenes e Luciana França Leme identificaram uma característica que nos faz destoar demais desses países desenvolvidos: no Brasil, é muito mais comum que docentes sejam contratados em tempo parcial e atuem em mais de uma escola. Isso faz com que acumulem um número maior de turmas – e consequentemente de alunos – e que tenham menos oportunidade de estarem integrados plenamente a uma comunidade escolar.
No Brasil, 20% dos professores do segundo ciclo do ensino fundamental (que vai do 5º ao 9º ano) atuam em mais de uma escola nesta etapa, percentual que aumenta para 45% se nessa conta forem consideradas também turmas de outras etapas da educação básica (como o primeiro ciclo do fundamental ou o ensino médio). Nos três países comparados, a proporção não passa de 5%, sendo de 4,7% na França, 2,7% no Japão e 1,7% nos Estados Unidos.
Como explicam os pesquisadores no relatório, isso acontece porque esses países contratam prioritariamente professores, em tempo integral, para que atuem numa única escola. Enquanto no Brasil o percentual de professores trabalhando em tempo integral numa escola é de 27%, nas demais nações analisadas, essa proporção é sempre superior a 80%, sendo de 83% na França, 90% no Japão e 94% nos EUA.

Outra consequência desse regime em que o professor acaba atuando como uma espécie de “fornecedor de aulas” a várias escolas é dificultar que ele assuma responsabilidades extras, como ser responsável por uma turma ou coordenar uma série, disciplina ou tema. Essa é uma característica marcante de vários sistemas educacionais de alto desempenho, que entendem a escola como um espaço de desenvolvimento profissional permanente e dão oportunidades para que seus docentes, sem abandonar a sala de aula, assumam outras funções dentro das escolas.
Para que isso ocorra na prática, é preciso não apenas que conste do regime de trabalho docente esse tempo para o desenvolvimento profissional, mas também que existam profissionais dedicados à tarefa de incentivar o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem entre pares. Se o professor não consegue estar fixo numa única escola e se em seu regime de trabalho constar apenas a obrigação de dar aulas, essa tarefa torna-se muito difícil.
O relatório alerta para a necessidade de “repensar a forma de contratação e a definição de atribuições dos professores por parte das redes de ensino brasileiras e, assim, criar condições para que o professor deixe de ser um ‘fornecedor de aulas’ e se aproxime do modelo em que esteja efetivamente integrado em uma comunidade escolar.”
Os dados desse estudo serão apresentados no dia 16 de novembro, no segundo webinário da série Pesquisas Educacionais em Foco, da Fundação Carlos Chagas. (Fonte: O Globo)

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