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VALDEMAR COSTA NETO MANDA O PRESIDENTE E SEUS FILHOS TOMAR “NAQUELE LUGAR…” (VTNC) E O BOY DE MOGI DAS CRUZES QUE APOIOU LULA E VAI (IA) ACOLHER BOLSONARO

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Uma nota oficial do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, provocou surpresa na manhã deste domingo (14/11), ao anunciar que o evento marcado para o próximo dia 22 destinado a selar a filiação do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao partido estava desmarcado.
De acordo com o documento, o cancelamento foi decidido em “comum acordo” entre membros do partido e o presidente Jair Bolsonaro, “após intensa troca de mensagens na madrugada do último domingo”. Em Dubai, Bolsonaro confirmou a situação e alegou que a situação tinha sido combinada com Costa Neto, dando a entender que o “casamento” ainda está sendo preparado.

A “intensa troca de mensagens”, contudo, segundo o portal O Antagonista, teve troca de insultos entre Costa Neto e Bolsonaro, incluindo um “VTNC VOCÊ E SEUS FILHOS” escrito pelo líder do PL ao presidente da República. Tudo teria começado após discussão sobre o diretório do partido em São Paulo, que o presidente da República estaria decidido a deixar sob comando do filho “03”, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
A conversa teria degringolado assim que Costa Neto afirmou que a proposta de Bolsonaro não seria atendida. “Você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu”, teria escrito o presidente do partido ao qual Bolsonaro está prestes a se filiar.
O presidente então teria ficado enfurecido, atirado um dos mais comuns xingamentos ao futuro-quase-ex-correligionário e recebido de volta “gentileza” semelhante.
Bolsonaro não teve capacidade de criar ou conquistar um partido seu, embora detenha uma consistente base de apoio, que oscila entre 20% e 30% do eleitorado. Seu Aliança pelo Brasil não decolou, e nenhuma outra sigla topou lhe dar o comando total. Talvez fosse ter isso no Patriota, sigla a que Flávio Bolsonaro chegou a se filiar, mas seus aliados perderam o comando da legenda e o plano implodiu.
O PTB lhe prometeu mundos e fundos, mas Roberto Jefferson passou a ser um aliado pesado demais, até para Bolsonaro. Figurar ao lado do político que mais ofende e ameaça o STF seria atiçar uma briga que o presidente já percebeu que não teria condições de ganhar.
Restou um partido do Centrão, aquele agrupamento que Augusto Heleno outro dia chamava de ladrão e falava quase com asco. E, na relação com o Centrão, não é bem Bolsonaro quem manda.
Valdemar Costa Neto está decidido a liberar a bancada do PL para votar contra ou a favor do governo na Câmara, caso Jair Bolsonaro decida recuar da filiação ao partido.
A avaliação é que, se o presidente decidir não seguir com o PL, será uma quebra de palavra. Não que o PL vá deixar o governo, mas não terá mais compromisso de lealdade na Câmara.
O PL é o maior partido do Centrão na Câmara, com 43 deputados.
A pergunta que não quer calar do blogdozebrao: “O PRESIDENTE E SEUS FILHOS ATENDERAM AO VALDEMAR?”

O BOY DE MOGI DAS CRUZES QUE APOIOU LULA E VAI (IA) ACOLHER BOLSONARO

Valdemar Costa Neto lê discurso de renúncia a seu mandato em agosto de 2005 | Foto de Roberto Stuckert Filho/Agência O GLOBO

O plenário da Câmara dos Deputados estava vazio quando o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, subiu na tribuna para renunciar ao seu mandato de parlamentar. Na tarde daquela segunda-feira, 2 de agosto de 2005, o paulista de Mogi das Cruzes se tornou o primeiro congressista acusado de envolvimento com o mensalão a perder o cargo, dois meses após as denúncias de Roberto Jefferson (PTB-RJ). No seu discurso, o político admitiu ter recebido dinheiro de caixa dois do PT para pagar dívidas de campanha. Mas disse que foi “induzido ao erro” e garantiu que os recursos não eram destinados ao hoje conhecido esquema de compra de apoio parlamentar para projetos do governo.
Com a renúncia, Valdemar fugiu da cassação do mandato pelo Conselho de Ética da Câmara e manteve seus direitos políticos. Foi reeleito em 2006 e em 2010, mas acabou condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no mensalão e teve sua prisão decretada pelo STF em 5 de dezembro de 2013. No mesmo dia, pediu ao deputado e correligionário Luciano Castro para ler no plenário sua carta renunciando pela segunda vez em oito anos. Reconheceu as suas “faltas”, mas continuou negando os crimes. “Certo de que pagarei pelas faltas que já reconheci, reitero que fui condenado por crimes que não cometi”.

Valdermar Costa Neto em campanha eleitoral um ano após renúncia | Reprodução

O presidente de um dos principais partidos do chamado Centrão, na Câmara, começou a vida de político profissional aos 28 anos. Formado em Administração de Empresas, o “Boy”, como era conhecido em Mogi das Cruzes, foi chefe de gabinete de seu pai, Valdemar Costa Filho, então prefeito da cidade. Filiado à Arena, partido que dava sustentação política à ditadura militar, Costa Filho era amigo fiel de Paulo Maluf e chegou a ser seu secretário de Abastecimento na Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1996.
Antes de completar 30 anos de idade, o “Boy” já havia sido promovido a secretário de Obras, Viação e Serviços Urbanos, cargo que ocupou de 1977 a 1980. Com o fim do bipartidarismo e ao término do mandato do pai, ele migrou para ao PDS, destino da maioria dos membros da Arena, e virou diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Mogi. Mais tarde, assumiu a diretoria-administrativa da Companhia Docas de São Paulo, onde permaneceu até 1990, quando se elegeu deputado federal pela primeira vez, já filiado ao PL.
Foi membro de comissões na Câmara e, em 1992, votou a favor do processo de impeachment contra o então presidente, Fernando Collor. Mas ganhou projeção maior no carnaval de 1994, quando levou a modelo Lilian Ramos para conhecer o então presidente da República, Itamar Franco, no Sambódromo do Rio.

Lilian Ramos e Itamar Franco num camarote da Avenida Sapucaí, em 1994 | Foto de Marcelo Carnaval/Agência O GLOBO

Recém-saída do desfile da escola de samba Viradouro, Lilian foi até o camarote onde estavam alguns caciques do PL. Entre eles, o “Boy” de Mogi das Cruzes, que já conhecia a modelo. De lá, Valdemar levou Lilian ao camarote de Itamar, onde ela foi fotografada só de camisa e sem calcinha ao lado do chefe do Executivo, com quem havia trocado olhares a distância durante o desfile. A imagem gerou controvérsia, e a oposição chegou a acusar quebra de decoro e pedir o impeachment de Itamar, que assumira o Planalto após o afastamento de Collor. Mas o mineiro se safou. Já Valdemar garantiu à imprensa que Lilian não imaginava a polêmica que causaria e que ele não tinha a menor ideia de que ela estava sem calcinha.
Aliado de Itamar, o político já havia conquistado uma posição de liderança no PL quando, em meados dos anos 90, fez dura oposição à gestão de Fernando Henrique Cardoso. Nas discussões sobre o projeto de emenda constitucional (PEC) que garantiu a possibilidade de um presidente se candidatar à reeleição, Valdemar propôs reservar esse direito apenas aos políticos empossados após a promulgação da lei, o que impediria o tucano de se beneficiar. A proposta não foi aceita, e o deputado votou contra a PEC, mas sua posição foi vencida no plenário.

Valdemar Costa Neto com o então candidato a presidente Lula em junho de 2001 | Foto de Ailton de Freitas/Agência O GLOBO

Valdemar foi um dos artífices da aliança vencedora entre Lula (PT) e o empresário têxtil José Alencar (PL) nas eleições de 2002, e, uma vez na mesa do poder, indicou Anderson Adauto para comandar o Ministério dos Transportes. Tudo corria bem para o filho pródigo de Mogi das Cruzes até que, no terceiro ano da gestão Lula, o então deputado federal Roberto Jefferson explanou o esquema de compra de votos parlamentares da base do governo, o mensalão, e acusou Costa Neto de envolvimento direto. Entrou para a história o depoimento de Jefferson no Conselho de Ética da Câmara, em junho de 2005, quando, desafiado por Valdemar, o petebista disparou: “Afirmo que vossa excelência recebe e repassa”.

Também ganhou destaque na crônica política o depoimento de uma ex-mulher de Valdemar no Conselho de Ética, em julho daquele ano. O então deputado já havia se divorciado e tinha quatro filhos quando conheceu a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, filha de uma família tradicional de São Paulo. Os dois se casaram num hotel e cassino em Las Vegas, no reveillon de 2003 para 2004. Coisa de casal apaixonado. Mas a relação terminou com briga, meses depois. Segundo uma reportagem do GLOBO de 21 de julho de 2004, eles haviam se separado, e Valdemar estava tentando despejar a ex-mulher da mansão no Lago Sul de Brasília cujo aluguel era bancado pelo PL. O partido mandou até desligar a energia da casa, mas Maria Christina obteve um mandado de segurança para reativar o abastecimento.

Maria Christina Mendes depondo contra o ex-marido Valdemar da Costa neto | Foto de Roberto Stuckert Filho/Agência O GLOBO

No Conselho de Ética, a socialite disse ter assistido a conversas que comprovariam o mensalão. Contou, sem apresentar provas, que o ex-marido costumava mandar o tesoureiro do PL a Belo Horizonte para buscar “várias malas”, que ele tinha um “cofrão” cheio de dólares e que já perdera até US$ 500 mil num cassino em Punta del Este, no Uruguai. Quando perguntada sobre como Valdemar teria pago essa fortuna, Maria Christina apenas disse: “Não sei, pergunte a ele”. A paulistana também disse que o presidente do PL havia ficado próximo de Delúbio Soares, o tesoureiro expulso do PT após o escândalo do mensalão, pelo qual foi condenado e preso.
O depoimento serviu mais à crônica do que ao processo. Valdemar foi condenado pelo STF a 7 anos e 10 meses de prisão no regime semi-aberto e, em dezembro de 2013, renunciou de novo ao mandato parlamentar para evitar a cassação. Desta vez, porém, ele não evitou a perda dos direitos políticos, já que a condenação transitara em julgado. Desde então, Valdemar esteve fora da Câmara, mas manteve o controle do Partido Liberal e, por consequência, a sua relevância na cena política. Enquanto esteve preso no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), ele trabalhou na área administrativa de um restaurante industrial na periferia de Brasília. Até que, em maio de 2016, recebeu do STF o perdão de sua pena e foi solto.

Valdemar Costa Neto deixa o Centro de Progressão Penitenciária para trabalhar, em 2014 | Foto de Jorge William/Agência O GLOBO

Em 2013, Valdemar também foi alvo de uma investigação determinada pelo STF a pedido da Procuradoria-Geral da República, que viu indícios de participação do parlamentar em crimes apurados pela Operação Porto Seguro. Deflagrada pela Polícia Federal, a operação revelou um esquema de vendas de pareceres técnicos do governo a empresas privadas, com a participação de agências reguladoras.
Já em 2015, o nome do político de Mogi das Cruzes voltaria ao noticiário sobre a corrupção na política quando o empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, investigado pela Operação Lava-Jato, contou à polícia que Valdemar Costa Neto recebeu R$ 200 mil “por fora” e R$ 300 mil em doações oficiais. Tudo para manter as portas abertas com o seu partido, que dominava o Ministério dos Transportes durante o governo Lula. Em 2020, o presidente do PL se tornou réu por peculato, corrupção passiva e fraude a licitação, acusado de participar de um esquema de superfaturamento nas obras do trecho da Ferrovia Norte-Sul (FNS). (Fonte: Correio Braziliense)

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