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NO LUGAR DE CHOPE, VINHO PASSA A SER SERVIDO GELADO EM TORNEIRAS

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Uma nova onda vem se espalhando pelos bares, restaurantes da moda e até mesmo festas. A diversão é tomar vinho gelado (a 2 graus) direto do barril. Trata-se de um sistema de torneiras, parecido com o do chope, ligado, por serpentinas, a um tonel de inox de 20 litros. Apesar da semelhança com as chopeiras, ele tem especificidades próprias e a bebida sai como se fosse vinda da garrafa, elegantemente sem espuma. A ideia do vinho na pressão surgiu há um ano, em plena pandemia, em São Paulo e já chegou ao Rio de Janeiro. Pode parecer estranho tamanha banalização dos rituais, que normalmente envolvem a bebida, mas a ideia vem agradando ao público. No País, o consumo do vinho aumentou 28%, entre 2019 e 2020, enquanto o da cerveja 1,7%. “Além disso, o brasileiro se destaca no mercado global como o consumidor mais aberto às novidades”, diz o consultor Rodrigo Lanari, fundador da Winext. Sete de cada dez apreciadores gostam de expandir o paladar, de acordo com o relatório Wine Brazil Landscape 2021, realizado pela consultoria inglesa Wine Intelligence.
“Nos EUA, vinho na torneira é bem comum. Esse sistema preserva mais a qualidade da bebida, do que o das garrafas com dosadoras”, diz André Penazzi, 33 anos, incorporador de prédios populares do Nordeste. A moda ainda não chegou em João Pessoa, onde mora,” infelizmente”, segundo ele. Se nos EUA, o sistema permite que o consumidor experimente vários rótulos, no Brasil, ele fica restrito ao blend nacional. Alguns se surpreendem ao descobrir a procedência, Caxias do Sul. Esse foi o caso da arquiteta paulistana Fernanda Negrelli, que passou as férias em Portugal, praticando hipismo e, sempre que possível, experimentando novos rótulos do país. Nesse início de ano, ela descobriu a novidade do vinho na torneira. “Gostei muito do rosé. É muito refrescante e senti um aroma floral”, disse ela. Essa tendência renasceu em São Paulo, devido ao projeto Tão Longe, Tão Perto, da sommelier Gabriela Monteleone, de 38 anos, e do argentino Ariel Kogan, importador de vinhos. A ideia da dupla é privilegiar a produção nacional e estabelecer a ponte direta com o consumidor.
OPÇÃO SUSTENTÁVEL
“Por ter o envase mais sustentável, diminui a pegada de carbono”, conta Gabriela, referindo-se à eliminação das garrafas no processo. O comerciante precisa apenas abastecer o tonel de inox na loja conceito do projeto, que funciona no Futuro Refeitório, em Pinheiros, bairro paulistano conhecido pelas opções gastronômicas. Para o consumidor, uma das vantagens é o preço. “A meia garrafa e o copo nunca são um bom negócio para o bolso, mas o vinho tirado na torneira tem preço mais atraente”, diz o argentino Luciano Nardelli, de 43 anos, sócio do Carlos Pizza, que conta com duas torneiras. O vinho chileno em taça sai por R$ 39, o da torneira, R$ 28. “O sistema tem ajudado muito a aumentar a penetração da bebida nacional”, diz Lanari. “Apesar de o brasileiro ainda ter ressalvas com o produto local, o nosso vinho melhorou muito. Aos poucos a percepção vem mudando, com incentivos de projetos como o Tão Longe, Tão Perto.”

ENTREVISTA
CONHEÇA MAIS SOBRE OS IDEALIZADORES DO PROJETO VINHO NA TORNEIRA
Apesar de o vinho na torneira não ser uma novidade no mundo, no Brasil é. A moda começou a pegar e ainda há apenas uma empresa nos bastidores desse movimento. Tão Longe, tão perto é formada pela sommelier Gabriela Monteleone, wine diretor do grupo D.O.M., e pelo argentino Ariel Kogan, importador e comerciante de vinhos. A dupla começou com a degustação de vinhos à distância, que resultou em um livro homônimo, Tão Longe, tão perto. Pouco depois, outro projeto surgiu da vontade de Gabriela e Kogan fortalecerem o vinho nacional, oferecendo o produto de uma forma mais sustentável e a um preço mais democrático. Foi então que pensaram no sistema de vinho na pressão, que experienciaram no exterior. Abaixo, Gabriela dá mais detalhes sobre o projeto.
ISTOÉ: O SISTEMA DE VINHO NA TORNEIRA É IGUAL AO DE CHOPE?
GABRIELA MONTELEONE: É semelhante, mas tem diferenças. Por exemplo, o gás que usamos nesse sistema tem uma mistura diferente dos usados para extrair o chope, uma vez que servimos vinhos tranquilos (não espumantes).
TÃO LONGE, TÃO PERTO TRABALHA APENAS COM VINHOS BRASILEIROS? POR QUÊ?
Sim, trabalhamos somente com vinhos brasileiros, pois dessa forma fortalecemos a produção nacional e conseguimos estabelecer uma ponte direta entre produtor e consumidor. Queremos privilegiar a produção local e o envase mais sustentável com diminuição da pegada de carbono. Vinhos importados não atendem a isso.
VOCÊ CONSIDERA A ADESÃO PELOS BARES E RESTAURANTES RÁPIDA? FICOU SURPRESA? COMO ESTÁ INDO?
Considerando o cenário da gastronomia pós 2 anos de pandemia, fico bastante otimista. Os restaurantes se engajam por diferentes motivos, seja pelo preço acessível, seja pelo fato de ser um produto local com curadoria, e tainda por manter o vinho sempre fresco e sem perdas quando servido em taça. Estamos indo num crescente, mesmo que ainda sozinhos no mercado.
QUAIS OS PRÓS E CONTRAS DESSE SISTEMA PARA O PROPRIETÁRIO DA CASA?
Em alguns lugares, a questão do espaço. Em um primeiro momento, pode ser um fator limitante (nada que projetos de empresas especializadas não resolvam) para uma casa pequena.
Os prós são muitos. Primeiro é a eliminação do descarte de garrafas de vidro, uma vez que os barrils de inox, que mantem o vinho são retornáveis. O produtor enche de vinho e nos manda. Nós mandamos para o restaurante, ele vende e depois devolve para nós. O custo acaba sendo menor também, pelo envase. Além disso, o restaurante e bar que muitas vezes tem perda de produto quando trabalha em taça, nesse sistema esse problema acaba.
JÁ EXISTE ALGUMA DEMANDA RESIDENCIAL?
Sim, existe… para condomínios, festas privadas … o consumidor não precisa investir numa extratora, ele pode alugar e entregamos o barril.
VOCÊ PODE CITAR ALGUNS RESTAURANTES QUE POSSUEM O SISTEMA?
Restaurante Mescla, Futuro Refeitório, Soul Botequim, Carlos Pizza (unidade Jardins) e Le Jazz. (Fonte: Istoé.com.br)

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