WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia

POR QUE “PARASITA” GANHOU O OSCAR? – Pelo Prof. Zenildo – ZOOM

.

O filme conta a história de uma família pobre que vive numa espécie de porão cuja vista dá para uma lixeira onde um morador de rua costuma urinar. Os quatro membros da família vivem constantemente sujos, movimentando entre cômodos apertados enquanto buscam algum sinal de internet nas casas vizinhas. Do outro lado a família burguesa Park que habita a casa espaçosa e chique, onde os quatro membros se espalham pelos quartos e usam e abusam da tecnologia e objetos à disposição. Os dois núcleos possuem a mesma quantidade de pessoas, como o reflexo de um espelho.
O filme retrata uma caricatura das classes sociais, cuja estratificação é representada pela estrutura literal das casas, mansão dos ricos, o meio-andar dos pobres e um porão, nível ainda mais miserável. Enquanto a riqueza dos Park os torna ingênuos e ignorantes, a pobreza dos protagonistas motiva a malandragem, a habilidade de criar de todas as artimanhas possíveis para crescerem socialmente. De forma proposital no decorrer da trama as famílias se encontram e os desempregados conseguem se infiltrar na casa rica, um a um, ganhando a confiança dos novos patrões. Os parasitas são justamente esses personagens pobres, que se apoiam na riqueza alheia para viver. E o núcleo rico, seria um parasita as avessas, eles também não se apoiam nos empregados?
A trama enxerga na violência o único desfecho possível para o choque entre a pobreza extrema e a riqueza, entre a educação hipócrita do patrão e a agressividade represada dos funcionários. O filme constrói uma bomba-relógio, confirmando as diferenças e as injustiças sociais até vê-las explodirem num clímax sangrento. Deste modo, representa de modo figurativo a luta de classes, as ideias de posse e de apropriação na era contemporânea. É louvável que a mensagem dedique um espaço privilegiado para os telefones celulares, as “varandas gourmet”, os quartinhos dos fundos, tantos elementos representativos dos tempos em que vivemos. A arte mais uma vez pediu passagem para transformar a realidade em ficção, ou a ficção se transformou em realidade?

(Zenildo Santos Silva, Bacharel em Psicologia, especializado em Psicopedagogia; licenciado em Letras Vernáculas pela UNEB. Atende no AEE – Atendimento Educacional Especializado, no acompanhamento de crianças com necessidades especiais)
.

Comentários estão fechados.