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A MELHOR TERRA DO MUNDO PARA PLANTAR CACAU – PARTE II

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A obra foi adaptada para a TV em 1981, assim como a criação mais famosa de Jorge Amado: Gabriela Cravo e Canela, de 1958. Mais do que um relato sobre a sensualidade da personagem principal, o livro é um retrato de como o cacau mudou a sociedade e a economia da região.

Jorge Amado e elenco da novela Terras do Sem Fim, adaptação de sua obra pela Rede Globo em 1981 – Acervo/Zélia Gattai
A década de 1970 viu a chegada de indústrias multinacionais desembarcarem nos arredores de Ilhéus. O cacau processado por elas ainda é distribuído mundo afora. No ápice produtivo, em 1986, a Bahia chegou a colher 400 mil toneladas de cacau sozinha, quase 90% da produção brasileira.
NÃO ACREDITO EM BRUXAS, MAS QUE EXISTEM, EXISTEM
Declínios nunca têm apenas uma causa. No caso do Sul da Bahia, uma série de infortúnios quase dizimou a cultura cacaueira.
O primeiro foi a queda do preço da amêndoa de cacau no mercado internacional, com o crescimento da produção na África, ameaçando o protagonismo brasileiro. Atualmente, a Costa do Marfim lidera a produção mundial e o continente africano tem 4 dos 10 maiores produtores do mundo – o Brasil é o sexto, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O segundo golpe foi mais decisivo e devastador. Em maio de 1989, agricultores de Uruçuca não reconheciam a praga que apodrecia os frutos ainda no pé, murchava as folhas e as tingia de marrom. Tomadas pelo inimigo misterioso, as árvores secavam a ponto de parecer uma vassoura velha. Nunca tinha acontecido antes.
Assim começou a infestação da vassoura-de-bruxa, um fungo endêmico na região amazônica, que se espalha pelo ar. Em questão de anos, não havia propriedade livre da praga. Pouca gente duvida que a introdução da vassoura-de-bruxa em solo baiano tenha sido ato deliberado e criminoso.
As hipóteses que requintam a crueldade variam de motivações políticas até tentativas de concorrentes de tombar a força da produção local. A Polícia Federal concluiu que houve crime, em inquérito encerrado em 2006, mas não chegou aos culpados.
O SOFRIMENTO
Mesmo se o responsável tivesse sido identificado, nenhuma pena seria capaz de compensar o sofrimento que a praga causou. Um fato importante que contribuiu para o alastramento da vassoura foram as primeiras orientações para tentar contê-lo. As autoridades recomendaram a poda dos pés doentes. Só que a vassoura-de-bruxa ataca preferencialmente brotos novos. Assim, as plantações renasciam já doentes.
Os custos foram econômica e humanamente impossíveis de pagar. Estima-se que 30 mil fazendeiros faliram. Os anos 1990 viram a produção baiana cair 75% e preço da tonelada, que em 1970 beirava US$ 4 mil, despencou para US$ 800.
“O estado não dividiu a conta com os produtores. O prejuízo de tudo, inclusive das medidas erradas de contenção da vassoura, ficaram para nós. É uma dívida impossível de pagar”, diz Henrique de Almeida, dono da fazenda Sagarana, em Coaraci. AMANHÃ PARTE III

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