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O SEGUNDO TEMPO – Por MARCO LESSA (Ilhéus)

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03 de junho de 1970, estádio Jalisco, Guadalajara, México.
Com quatro gols na partida de estréia, nascia a conquista da Copa do Mundo pelo Brasil. Foram dois gols de Jairzinho, um de Pelé e outro de Rivelino.
03 de junho de 1970, Maternidade Santana de Caetité, sudoeste da Bahia, Brasil. Com quatro dedos iniciais de dilatação, e pelos pés, segundo fonte materna, eu nascia. E por esta predestinada coincidência, surgia a minha relação com o futebol, sem grande fanatismo, mas absolutamente prazerosa e generosamente vitoriosa.
Fui parido em Caetité, que dispunha do hospital regional e principal maternidade à época, mas fui registrado e criado em Guanambi, onde viviam os meus pais e o restante da nossa grande família.
Na década de 70, Guanambi e grande parte de uma nação já apaixonada por futebol, assistiam a transmissão dos jogos apenas através da rádio AM, principalmente de estações cariocas, portanto, ouvindo partidas de times do Rio de Janeiro. Isso explica o fenômeno de tantos torcedores de Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, os quatro grandes do Rio, espalhados pelo Brasil, preterindo, inclusive, times dos seus estados ou cidades.
Sou da geração que viu o Flamengo de Zico ser campeão da Libertadores e Mundial em 81, a Seleção Brasileira dar espetáculo na Copa do Mundo de 82 e ainda tive o privilégio de assistir todos os jogos do Campeonato Brasileiro de 88 na antiga Fonte Nova, em Salvador, até a inesquecível primeira partida da final, vibrando ao lado de 110.000 tricolores, apaixonados pela elegância sutil de Bobô, quando o meu Bahia venceu o Internacional, sagrando-se campeão na segunda partida em Porto Alegre.
Durante esse meio século de existência, testemunhei feitos futebolísticos históricos: fui torcedor campeão Mundial em 94 e depois em 2002 com a Seleção Brasileira, Campeão Baiano incontáveis vezes com o Bahia, carioca com o Flamengo, o meu primeiro time, e vivi a emocionante campanha do Colo-colo de Ilhéus, cidade que vivi mais tempo e tanto amo, até a conquista do Baianão de 2006, sobre o time do Vitória.
São tantas histórias e emoções, lamúrias e comemorações, sarros tirados e sofridos, mas acima de tudo, tantas alegrias, que explica, sem esforço, a paixão das pessoas pelo futebol.
03 de junho de 2020, 50 anos de idade.
Chego aos 50 com a tranquilidade de quem fez um primeiro tempo vitorioso, bem jogado, com a partida controlada, jogando pra frente, correndo muito, ocupando os espaços, muitos dribles, mas respeitando o adversário, um bom aproveitamento dos passes, poucas faltas, e dois lindos gols: João aos 36’ e Marina aos 48’, numa dobradinha espetacular com a minha companheira e craque Luana.
Terminada essa primeira etapa, um pouco cansado, afinal, foi intenso, mas muito feliz, agradeço ao Professor por me manter no jogo; que venha o segundo tempo. Para os 45 finais, sem contar com os acréscimos, a estratégia muda um pouco: já não posso correr tanto, tem de fazer valer a experiência para estar na posição certa no minuto certo; colaborar mais do que nunca com os companheiros, ser mais generoso, controlar o jogo, evitar cometer faltas ou se machucar; não perder tempo com provocações, manter a lealdade e respeito aos que sempre estiveram ao seu lado, aos torcedores e até os adversários, e nas oportunidades, tentar umas jogadas que fazem a diferença.
De certo, é que ninguém sabe os planos do Mestre, quando e porque você é retirado de campo. Muitas vezes podemos julgar ter havido alguma injustiça, por uma saída precipitada ou prematura. Mas são os desígnios de quem comanda. O que nos resta é fazer bonito, fazer bem feito, cumprir a nossa missão de transformar a vida num espetáculo; e celebrar, comemorar, nos divertir, viver cada minuto.
Bem, amigos deste mundo, começa o segundo tempo e estou escalado a continuar. Primeiramente agradeço à Deus, à minha família que está me assistindo, minha esposa e meus filhos que tanto amo, meus pais, aos meus companheiros de tantas equipes e ao Professor, Ele, por essa oportunidade. O que posso prometer é que darei o melhor de mim para chegar bem até o último minuto, garantir o placar e sairmos vitoriosos.
Se Deus quiser.

Marco Lessa é publicitário, empresário e torce muito pelo Brasil.
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