COOPERATIVAS LANÇAM CHOCOLATE COLETIVO NO SUL DA BAHIA
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Um chocolate de qualidade, a preço acessível, com foco na sustentabilidade, que contribui para a preservação da natureza. Essa é a proposta do Chocolate Sul Bahia que é produzido na fábrica do Centro de Inovação Cacau/Universidade Estadual de Santa Cruz-Uesc em parceria com a Indicação Geográfica (IG) Cacau Sul da Bahia e disponível nas versões 65% puro cacau, 65% cacau com nibs e 65% cacau com cupuaçu. O lançamento da formulação com 65% de cacau faz alusão ao próprio padrão de qualidade da IG Sul da Bahia, que prevê, além de outros critérios, o mínimo ds 65% de amêndoas bem fermentadas para qualquer cacau ser considerado como cacau de qualidade superior, já que esse foi o primeiro regulamento de qualidade de cacau registrado no Brasil, que leva em consideração as qualidades do cacau e não os defeitos.
Os chocolates Sul Bahia são feitos apenas com cacau de origem certificados pela IG, passam por análises fisicoquímicas e sensoriais rígidas que são uma garantia de origem e qualidade. Nesse quesito o CIC – Centro de Inovação do Cacau, realiza o trabalho de manutenção do alto padrão de qualidade do chocolate.
Produzido através de cooperativas associadas a IG, o Chocolate Sul da Bahia cria uma relação mais justa entre o produtor e o consumidor final, permitindo uma remuneração melhor e ao mesmo tempo um preço mais acessível para acesso a chocolates premium. Trata-se de um chocolate coletivo que pode ser produzido nas seguintes formas; a cooperativa ou um produtor leva as amêndoas e o produto sai com sua marca associada ao chocolate ou um atacadista adquire um lote com a marca da empresa. As embalagens possuem QR Code, que permitem a identificação de origem e qualidade das amêndoas do chocolate.
A IG Cacau e o CIC também estabeleceram uma parceria com a Iniciativa para Conservação do Mico-Leão-Baiano/ Projeto Bio Brasil e o Laboratório de Ecologia de Conservação da Uesc. Com isso, 3% do valor das vendas serão destinados a programas de preservação do mico-leão-da-cara-dourada, também conhecido como mico-leão-baiano, por ser endêmico do Sul da Bahia, esses projetos localizam-se no município de Una/BA e atuam com ações de conservação da biodiversidade.
VALOR AGREGADO
O diretor executivo da IG Cacau Sul da Bahia, Cristiano Sant´Ana afirma que “”a IG se consolida como a ferramenta mais democrática de nossa região visando agregar valor ao nosso produto, sem deixar de lado nossa tradição, história, cultura, singularidades só nossas, além de proporcionar ao consumidor final a oportunidade de degustar um chocolate feito nos mais altos padrões de qualidade com responsabilidade social e ambiental e transparência, já que é rastreável”.
“O mais importante é, que qualquer agricultor do Sul da Bahia poderá verticalizar sua produção e consequentemente ter a oportunidade de melhorar sua qualidade de vida. Essa iniciativa é dos produtores, das cooperativas, é legitima, e vem para popularizar de vez o consumo de nossos chocolates com alto teor de cacau elaborados com amêndoas de cacau com padrão IG Sul da Bahia”, diz Cristiano.
QUALIDADE SUPERIOR
De acordo com Weslem Martins de Oliveira, Coordenador do ChocoLab/CIC, “como todo chocolate bean to bar, as amêndoas de cacau utilizadas na fabricação das barras do chocolate IG Sul Bahia têm um peso enorme na qualidade do produto final”. “As características do cacau de qualidade superior do Sul da Bahia, que são facilmente disponíveis através da rastreabilidade das amêndoas certificadas lote a lote, permitem uma adequação dos protocolos de processamento que respeite suas particularidades, corroborando para a melhor tomada de decisão em etapas chaves do processamento, como a torra do cacau e a conchagem do chocolate””, diz Weslem.
CONSERVAÇÃO DA CABRUCA
Déborah Faria, coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação da Biodiversidade – LEAC – da UESC destaca que o produto fortalece o sistema cabruca e a conservação do mico-leão baiano, espécie endêmica e ameaçada também encontrada nas cabrucas da região. “As cabrucas são um sistema agroflorestal típico da região sul da Bahia, no qual o cacau é plantado embaixo da sombra das árvores da Mata Atlântica”, afirma.
“Estas plantações sombreadas cobrem uma grande parte deste território, e além de produzir o cacau elas são importantes para a conservação da biodiversidade regional, especialmente para os micos-leões baianos. Para esta espécie típica e símbolo da região, as cabrucas formam uma grande parte da sua distribuição geográfica, além de servirem de corredores que conectam populações de micos-leões baianos que vivem em fragmentos de Mata Atlântica”, ressalta Deborah.
Dependendo da qualidade destas cabrucas, os micos-leões-baianos podem se reproduzir e até manter populações com características ecológicas semelhantes a aqueles que vivem em florestas nativas.
MICO-LEÃO-BAIANO
Kristel De Vleeschower e Leonardo de Oliveira, diretores diretores da Iniciativa para Conservação do Mico-Leão-Baiano destacam que a parceria entre a ICMLB e a IG Cacau visa promover o chocolate da IG e ajuda a manter as cabrucas, habitat importantíssimo para esta espécie de primata ameaçada de extinção. “O apoio técnico fornecido aos produtores de cacau da região resulta num cacau de melhor qualidade, proporcionando assim uma maior rentabilidade aos produtores, enquanto mantem os habitats para os micos leões e os serviços ecossistêmicos associados a ele, já que além das florestas precisa das cabrucas para sobreviver”, afirmam.
A IG Sul da Bahia é a maior federação de produtores de cacau da região, com 15 cooperativas associadas, 6 associações de produtores e 2 instituições setoriais, representando atualmente quase 3500 agricultores da região em 7 territórios de identidade da Bahia. (Fonte: Cacau e Chocolate)
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