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CEIA DE NATAL MAIS CARA FAZ BAIANOS ABANDONAREM PERU, ÁRVORE E DECORAÇÃO

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A tradição natalina vai ficar mais cara esse ano. Para uns, na verdade, nem tradição vai ter. Na casa do técnico em saúde bucal Vitor Hugo, 20, o peru será trocado pelo frango, por conta da alta dos preços. A média de aumento nos valores dos itens da ceia e Natal está em 11,7% mais caros do que há um ano, tanto em Salvador quanto na região metropolitana, segundo um levantamento da Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomercio-BA) com dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE).
“Pensei em bastante coisa para comprar e fazer. Mas, esse ano, não vai ter peru. Evitei até passar pela seção no mercado para não frustrar, devido aos valores”, confessa Vitor Hugo. É a primeira vez que o peru vai ser substituído. O frango, que é a segunda opção, apesar de estar mais barato, foi o item da pesquisa da Fecomercio que mais teve aumento – de 29,6%.
Enquanto o peru ou chester está entre R$ 85 e R$ 105, o frango inteiro temperado está entre R$ 39,67 e R$ 43,96. Já o queijo reino, o segundo item que mais aumentou de preço em relação ao natal passado (22,7%), chega a custar R$ 113 a unidade, no mercado Rede Mix da Luis Viana FIlho, a Paralela. Em outros mercados, ele varia entre R$ 79,99 a R$ 99,99.
Os pescados não escaparam da alta – eles subiram, em média, 6,5%. O bacalhau, por ser importado, tende a subir mais de preço por conta do dólar, de acordo com o levantamento da Fecomercio. Contudo, para compensar, os ingredientes da bacalhoada estão mais baratos, como a cebola (-22,5%), a batata-inglesa (-4,5%) e arroz (-2,4%).
As uvas passas, no entanto, que Hugo encontrava por R$ 4, agora estão entre R$7 e R$ 8. Já as frutas cristalizadas; R$ 12. “A mesa, se tinha cinco itens, agora vai ter três. Estamos filtrando muita coisa. Até gostaria que tivesse, mas o valor que a gente conseguia comprar vários itens agora só dá para poucos”, conta o técnico.
O salpicão de bacalhau também vai ser deixado de lado, mais uma vez, pelo frango. A batata para a salada ele vai deixar para comprar em mercados de bairro, pois sabe que terão promoções – em mercados como Hiper Ideal e G Barbosa está entre R$ 4,99 a R$ 5,99/kg. Ele, que mora na Valéria, fará uma nova pesquisa entre os mercados da cidade para ver se encontra preços mais em conta.
Os convidados serão reduzidos. Antes, vinham tias, primos e agregados, o que dava cerca de 15 pessoas na casa. Agora, será somente os mais próximos – mãe, padrasto, avó e talvez a tia. O técnico, que está desempregado há um ano e meio, assim como o padrasto, tampouco comprará presentes.

Até preço da árvore de Natal subiu (Foto: Shutterstock)

“Não tem como, porque a renda está realmente complicada. Estamos vivendo com a renda de aluguéis, até estabilizar”, completa Vitor Hugo. A decoração também não terá árvore, porque a do ano passado usada pela família quebrou e não há condições de comprar uma nova: “Fizemos uma bem básica, com o que tínhamos”.
A autônoma Daniela Kapfer, 25, do bairro de Nova Brasília, até pensou em renovar a árvore, que já é quase da idade da irmã, de 16 anos, e renovar os itens de decoração. Porém, quando viu os preços, mudou de ideia. “Desisti de comprar tudo, porque está tudo muito caro. Desde a árvore, que está uns R$ 200, aos piscas-piscas, que estamos sem. Numa crise dessas, a pessoa deixa de comprar”, comenta.
Ela, que é fã da época natalina, principalmente, dos filmes, ainda não comprou presentes nem os itens da ceia. Pelo preço nos mercados, a família considera abandonar toda a tradição. “Minha avó veio aqui em casa ontem e a gente está considerando se, ao invés do jantar, compramos alguns salgados, como empada e coxinha. Talvez só o peru para representar”, afirma.

APOSTE EM PRODUTOS NACIONAIS
A dica da presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia (MDCCB), Selma Magnavita, é fazer como Hugo e Daniela: substituir. Preferencialmente, por produtos nacionais. “A tradicional ceia com vinhos, frutas secas e peru é um costume europeu. Orientamos, para driblar os preços, mudar os hábitos, usando nossas frutas tropicais e fazendo um natal mais nacional”, aconselha Selma.
Para economizar ainda mais, ela orienta que se compre as frutas em feiras, ao invés de supermercados, porque pode sair mais barato. “As frutas secas e as nozes, que estão muito caras, pode substituir por castanha do pará e amendoim, por exemplo”, adiciona. Pelos preços, o chester está um pouco mais acessível que o peru. Em seguida, o plano B pode ser o frango.
Já o plano C e D, ela indica o rosbife com vinagrete e carne suína. Já no lugar do salpicão, misturar presunto, frango, batata e abacaxi, driblando o bacalhau, ou optar por uma torta quente de frango. “O que vale é a criatividade e não se prender à tradição, que muitas vezes, altera o bolso. É melhor comprar dentro do orçamento do que se endividar para fazer uma ceia bonita”, conclui Selma.
PRESENTES TÊM ALTA DE 9,3% NOS PREÇOS
Segundo o economista e consultor econômico da Fecomercio-BA, Guilherme Dietze, a ceia aumentou mais de preço do que os presentes, que tiveram alta de 9,3%. “Os alimentos ficaram bem mais caros do que os presentes, por conta do encarecimento de vários produtos essenciais para o Brasil. O frango subiu quase 30%, os derivados do leite, como o queijo, quase 23%, assim como a carne subiu e pescados. Como a ração ficou muito mais cara, assim como os custos com energia e transporte, impacta toda uma cadeia produtiva de bovinos, suínos e aves”, explica Dietze.
No ano passado, a subida de preços dos alimentos foi de 19%. Esse ano, o aumento de preço foi um pouco menor. “Vários fatores também contribuíram para isso. O boi, que comia somente grama, por conta da seca, teve que ter a ração complementada por milho e soja, que explodiram de preço no mercado interno e internacional. O transporte, com o aumento de 50% do diesel no último ano, faz com que toda a cadeia do agronegócio gere aumento na mesa do consumidor”, esclarece.
Na categoria presentes, o que mais registrou alta foram o televisor, de 28,5%, e os móveis, de 16,3%. O motivo é a alta do dólar, já que esses itens são, em maioria, importados. Os produtos de decoração seguem na mesma linha. “Vários produtos de Natal são trazidos da China e comercializados no Brasil. Com o dólar a R$ 5,70, o empresário teve que comprar com mais antecedência, por conta do frete no mercado internacional, que ficou mais caro. Antes, da pandemia, um contêiner da China para o Brasil custava U$ 2 mil, agora, custa U$ 15 a U$ 20 mil”, expõe o economista.
O Procon-BA foi procurado, assim como o Ministério da Justiça, que reúne dados sobre os Procons estaduais, mas não tinham dados sobre o aumento do preço dos alimentos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não tinha dados regionais e o Departamento Intersindical de Est Ests Sócio Econômico (Dieese) disse não fazer esse tipo de levantamento. As Lojas Americanas e Camicado não quiseram enviar resposta.

CONFIRA ABAIXO A VARIAÇÃO DOS PREÇOS DOS ITENS DE NATAL:
(Fonte: correio.com)

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