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DIVERGÊNCIAS NAS PESQUISAS BOLSONARO X LULA CRIAM POLÊMICA SOBRE QUADRO ELEITORAL

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Elas sempre tiveram destaque e um peso importante em todas as campanhas. Mas, em meio ao interesse que desperta o pleito mais polarizado desde a redemocratização, a divulgação de pesquisas de intenção de voto no Brasil cresceu enormemente na atual corrida ao Palácio do Planalto.
As sondagens, divulgadas com frequência quase diária, têm pautado o noticiário, agitado as redes sociais e influenciado últimas semanas, levantamentos realizados em datas próximas mostraram a liderança de Lula, deixando, porém, um questionamento no ar: qual a verdadeira vantagem dele sobre Bolsonaro?
A depender do instituto, ela varia de 6,1 a 21 pontos porcentuais (veja o quadro abaixo). Ou seja, algo completamente fora da chamada margem de erro. Nos cenários em que a distância é muito mais folgada, três institutos divulgaram recentemente trabalhos indicando a vitória do petista em primeiro turno, outra possibilidade que gera hoje uma enorme discussão.

Diante de resultados tão divergentes, os institutos têm a credibilidade posta em xeque a cada levantamento. A pressão dos bolsonaristas levou, na quarta 8, a corretora de investimentos XP a anunciar que passaria a divulgar mensalmente as pesquisas Ipespe que patrocina — antes, havia cinco previstas só para julho.
A mudança veio depois da divulgação, na semana passada, de uma que mostrava que mais eleitores (35%) consideravam a honestidade um atributo de Lula, contra 30% de Bolsonaro. Enfurecidos com tal dado, políticos apoiadores do governo passaram a atacar a empresa, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e deram início a um movimento de boicote que assustou a companhia.
Diversas reclamações chegaram por meio dos escritórios de gestão de investimentos, responsáveis por intermediar o relacionamento da XP com os investidores.
Em um grupo de WhatsApp usado por executivos de marketing desses escritórios para se comunicar com a corretora, a pressão foi forte. “Peço aos líderes da área para rever esse tipo de pesquisa.
Sinceramente, não agrega em nada aqui na ponta”, disse um deles. A tensão permaneceu aguda no começo da semana, com uma discussão crescente entre agentes autônomos e os dirigentes da XP, até o anúncio da revisão da estratégia.
O Prerrogativas, grupo de advogados que apoia Lula, divulgou nota repudiando a pressão. “Os seguidos ataques do presidente contra o TSE e o STF estenderam-se agora às pesquisas”, afirma o texto.

A controvérsia só ocorre nesse volume devido ao inegável peso dos resultados sobre as campanhas. Reservadamente, os marqueteiros dos candidatos admitem que elas têm um efeito considerável, principalmente sobre a militância. Para as suas estratégias, porém, dizem preferir as pesquisas internas. O argumento é que, a esta altura, interessa menos saber as intenções de voto e mais mensurar a aprovação dos atributos dos pré-candidatos e suas taxas de conhecimento e rejeição. É com base nisso que a campanha de Bolsonaro tem focado no eleitorado feminino, em que sua rejeição é mais intensa — as inserções do PL na TV têm mostrado o presidente cercado por mulheres.
A proliferação de sondagens (e de polêmicas, como a da XP) veio na esteira do salto no número de institutos. No passado, as pesquisas eleitorais eram realizadas por poucos institutos.
Houve o tempo do Gallup e do Ibope. Depois, Datafolha e Ibope. Hoje, ao menos onze divulgam com regularidade os seus levantamentos para o público.
O aumento foi provocado pelo interesse do eleitor e pela consequente ampliação de mercado, mas também pelo aprimoramento do método de consultas por telefone na pandemia e pela postura das instituições financeiras, que passaram a dar visibilidade a um material antes usado apenas para consumo interno. Praticamente, a metade é financiada por bancos e corretoras.

Diante de resultados tão divergentes, os institutos têm a credibilidade posta em xeque a cada levantamento. A pressão dos bolsonaristas levou, na quarta 8, a corretora de investimentos XP a anunciar que passaria a divulgar mensalmente as pesquisas Ipespe que patrocina — antes, havia cinco previstas só para julho.
A mudança veio depois da divulgação, na semana passada, de uma que mostrava que mais eleitores (35%) consideravam a honestidade um atributo de Lula, contra 30% de Bolsonaro. Enfurecidos com tal dado, políticos apoiadores do governo passaram a atacar a empresa, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e deram início a um movimento de boicote que assustou a companhia.
Diversas reclamações chegaram por meio dos escritórios de gestão de investimentos, responsáveis por intermediar o relacionamento da XP com os investidores.
Em um grupo de WhatsApp usado por executivos de marketing desses escritórios para se comunicar com a corretora, a pressão foi forte. “Peço aos líderes da área para rever esse tipo de pesquisa. Sinceramente, não agrega em nada aqui na ponta”, disse um deles.

A tensão permaneceu aguda no começo da semana, com uma discussão crescente entre agentes autônomos e os dirigentes da XP, até o anúncio da revisão da estratégia. O Prerrogativas, grupo de advogados que apoia Lula, divulgou nota repudiando a pressão. “Os seguidos ataques do presidente contra o TSE e o STF estenderam-se agora às pesquisas”, afirma o texto.
A controvérsia só ocorre nesse volume devido ao inegável peso dos resultados sobre as campanhas. Reservadamente, os marqueteiros dos candidatos admitem que elas têm um efeito considerável, principalmente sobre a militância. Para as suas estratégias, porém, dizem preferir as pesquisas internas. O argumento é que, a esta altura, interessa menos saber as intenções de voto e mais mensurar a aprovação dos atributos dos pré-candidatos e suas taxas de conhecimento e rejeição. É com base nisso que a campanha de Bolsonaro tem focado no eleitorado feminino, em que sua rejeição é mais intensa — as inserções do PL na TV têm mostrado o presidente cercado por mulheres.
A proliferação de sondagens (e de polêmicas, como a da XP) veio na esteira do salto no número de institutos. No passado, as pesquisas eleitorais eram realizadas por poucos institutos. Houve o tempo do Gallup e do Ibope.
Depois, Datafolha e Ibope. Hoje, ao menos onze divulgam com regularidade os seus levantamentos para o público. O aumento foi provocado pelo interesse do eleitor e pela consequente ampliação de mercado, mas também pelo aprimoramento do método de consultas por telefone na pandemia e pela postura das instituições financeiras, que passaram a dar visibilidade a um material antes usado apenas para consumo interno. Praticamente, a metade é financiada por bancos e corretoras.

As respostas para as constatações divergentes envolvem vários fatores. O mais destacado é a forma de coleta dos dados, que pode ser presencial (por meio de visitas às casas dos eleitores ou de entrevistas em locais de fluxo de pedestres) ou por telefone (por entrevistadores ou robôs).
Segundo o estatístico Neale El-Dash, doutor pela USP no tema e dono do site Polling Data, um agregador de pesquisas, as sondagens telefônicas alcançam cerca de 95% da população — os 5% restantes são os mais pobres, que não têm o aparelho. Já as presenciais têm dificuldade para chegar aos mais endinheirados, que moram em condomínios, na parcela da classe média que vive em prédios com porteiros e nas favelas com domínio do crime organizado — cerca de 20% da população.
“Não é possível saber quais ‘buracos’ de cobertura são piores, os da presencial ou os da telefônica”, diz El-Dash. Resta aos institutos compensar esses “buracos” por meio da ponderação. Ela consiste em dar o peso que cada estrato da sociedade deve ter, proporcional à composição real da população em termos de sexo, renda, região, raça e religião.
Dentro do universo dos institutos mais tradicionais, o método presencial é o preferido. Responsável pelo Ipec, criado em 2021 por ex-diretores do extinto Ibope, Márcia Cavallari vê como vantagem a possibilidade de apresentar ao entrevistado um disco circular de papel com os nomes dos candidatos.
“Eles são dispostos de forma a evitar que haja uma lista onde os que são colocados no topo tenham vantagem”, explica ela. Por telefone, a lista, que tem hoje onze pré-candidatos, precisa ser lida, ainda que a cada telefonema os nomes sejam embaralhados.
Luciana Chong, diretora do Datafolha, não confia no método. “Quando você lê o quinto nome, a pessoa já não lembra os outros”, diz. Tanto Ipec como Datafolha realizam levantamentos presenciais, o primeiro em domicílios, o último em pontos de fluxo. (Fonte: https://veja.abril.com.br)

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