WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia

ITAMARI: MIGRANTES E TRABALHADORES NA FAZENDA TABOCAS, DE 1910 A 1970 – PARTE I – Pelo Prof. NELSON RIBEIRO

.

O título deste artigo, é uma referência da Monografia de conclusão de curso de História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, realizada e apresentada pelo Professor José Bispo de Souza, no ano de1997.
O trabalho do Professor José Bispo de Souza (Zezo) foi fundamentado por pesquisa efetuada “in loco”, utilizando como metodologias, entrevistas e análises de fontes escritas e a aplicação de questionário qualitativo. Para tanto, foram entrevistados os senhores: Zacarias Ribeiro de Carvalho, Manoel Bié Andrade Menezes, Mizael Inácio de Vasconcelos, João Galvão Sobrinho, Melquiades Souza Amparo, Manoel Bispo de Souza e Dona Maria Roza de Souza.
De acordo com o que consta na pesquisa monográfica, no final do Século XIX, o país passou por profundas transformações nas estruturas políticas e sociais, com o fim da Monarquia e a implantação da República (1889). Havia findado o predomínio do modo de produção baseada na escravidão (1888) e emergia o modelo capitalista, fundamentado na relação entre o Capital e o Trabalho. Predominava nestes tempos o poder das oligarquias agrárias, com proeminência para os representantes do eixo São Paulo x Minas Gerais, denominada “politica do café com leite” que se alternavam na dinâmica das relações dos poderes a nível federal.

O advento da República, portanto, implicou, além da mudança na estrutura política, a emergência de novas personalidades sociais, caracterizadas pela grande contingência, famílias de negros, mulatos e mestiços recém “libertos” pela abolição da escravidão em 13 de maio de 1888.      
É, portanto, neste contexto histórico e socioeconômico da formação do Brasil contemporâneo que passaram a se formar as relações de convivências travadas no cotidiano dos povoados e de cada personagem neles inseridas.
Assim, buscando analisar os fatos a partir dos depoimentos dos sujeitos que se articularam dentro do processo de migração e povoamento da Fazenda Tabocas atual município de Itamari–Bahia, outros aspectos preponderantes do regionalismo no Brasil, significante para compreender as dinâmicas sociais locais, foi sem sombra de dúvida, segundo o professor o fenômeno Social denominado “CORONELISMO”.
Durante a República Velha (1889-1930), o poder nas províncias ou vilas do interior do Brasil, estava representado pelos grandes proprietários rurais e posteriormente, pelos descendentes destes, que desfrutavam de proeminência junto aos representantes estaduais e/ou federais. Estes proprietários rurais, denominados de CORONÉIS, constituíam as oligarquias locais, as quais exerciam influências decisivas nos processos políticos brasileiros. O coronelismo, constituído pelos poderes dos oligarcas locais, mediante as suas influências nas instâncias políticas estaduais e/ou federal, exerciam o controle do voto da população local, via laços de subordinação, dependência, fidelidade, coação e compadrio.

É portanto, nesta (des)ordenada relação de dependência e subordinação, que se alicerçava a apolítica dos governadores implementada pelo presidente Campos Sales, durante a primeira República. Essa forma de relação permeia suas discussões em torno da elegibilidade dos representantes políticos locais, marcado pela violência, fraudes, corrupção e subornos, por vezes pactuada com a “justiça” conveniente e protetora, em conformidade aos jogos de interesses locais, estaduais e/ou nacionais. Estes aspectos são caracterizadores da formação sócio-político da maioria dos municípios no interior do país e, em especial, no que hoje conhecemos como município de Itamari.      
*O artigo não reflete necessariamente a opinião do blog (contrariamente aos editoriais, que são a posição oficial)

NELSON RIBEIRO FILHO,
Formado em Magistério, Graduado em Ciências com Habilitação em Química. Especialista no Ensino de Química, de Ciências, em Gestão Escolar e Metodologia do Ensino Superior. Professor das Redes Estadual e Municipal de Ensino. Colunista do Blog do Zebrão, Mestre em Educação (créditos).

.

Comentários estão fechados.