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COMO A PETROBRAS PRETENDE RETOMAR A REFINARIA DE MATARIPE, NA BAHIA, QUE FOI VENDIDA (A PREÇO DE BANANA) NO GOVERNO BOLSONARO

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Refinaria Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia — Foto: Andre Valentim / Agência Petrobras


A Petrobras estuda com o Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, o que tem sido chamado por fontes da empresa de “IPO privado” para recomprar as ações da refinaria de Mataripe, na Bahia, de acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO. A refinaria foi privatizada em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro.
IPO é a sigla em inglês para oferta inicial de ações, ou seja, quando a empresa vende participação acionária em Bolsa de Valores. Mas, no caso da Refinaria de Mataripe, seria uma empresa estatal, no caso a Petrobras, adquirindo ações da companhia privada.


A ideia em estudo, que ainda precisa passar por aprovação dos conselhos de administração das empresas, é que a estatal compre mais de 51% das ações da unidade e, em seguida, reincorpore o ativo em seu patrimônio. Ou seja, ao fim, a refinaria voltaria a ter controle estatal.
Os estudos indicam que a refinaria de Mataripe poderia ser isolada em uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que passaria por uma operação de venda para a estatal. Mas também não está descartada a entrada de um novo sócio.
– O percentual de participação deverá ser majoritário, com ou sem outro sócio. A ideia é recuperar a liderança da estatal na operação – disse uma outra fonte do setor.
Segundo as fontes, as negociações estão sendo feitas diretamente entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o comando do Mubadala no exterior. Recentemente, Prates esteve no Oriente Médio.
Em um post em uma rede social, ele disse que teve uma reunião com o CEO do Mubadala Investment Company e presidente do Conselho de Administração do Mubadala Capital, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, e que ficou acertado que as equipes intensificarão os trabalhos “com vistas a finalizar a nova configuração societária e operacional ainda neste primeiro semestre de 2024”.
ANTIGO NOME DE VOLTA
Embora a refinaria tenha sido rebatizada de Mataripe, Prates ainda chama a unidade de Rlam, em referência ao nome usado ao longo da História, antes da privatização, pela estatal, que é a sigla para Refinaria Landulpho Alves. A unidade responde por pouco mais de 10% da capacidade de refino do Brasil e foi a maior entre as quatro unidades vendidas pela Petrobras no antigo programa de venda de ativos da companhia. Segundo fontes, a refinaria voltará a se chamar Rlam.
De acordo com as fontes, ainda haverá a contratação de uma empresa de avaliação para definir o preço. Para isso, além de se levar em conta análises do fluxo de caixa, é feito um estudo da perspectiva de crescimento da unidade, do setor e os futuros investimentos. O Mubadala pagou US$ 1,8 bilhão por 100% das ações em leilão em 2021.
Ontem, em evento no Cenpes, unidade de pesquisa da Petrobras, para o lançamento de tecnologia que faz a separação de água e óleo com reinjeção de gás carbônico no fundo do oceano, Prates afirmou que é importante recuperar a operação da refinaria, mas disse que ainda não há negociações:
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— Fomos convidados por eles, que disseram “que tal a Petrobras voltar a fazer parte da refinaria, nos ajudar com ela e, ao mesmo tempo, fazer parte do grande projeto da Macaúba, do biocombustível?” E nós estamos analisando. Queremos voltar a fazer parte da gestão da refinaria, pois é importante. Para nós, essa refinaria complementa uma série de sinergias com o resto do sistema. Não nos cabe adiantar nada, mas recuperar a Rlam é importante.
Sem detalhar a operação, Prates lembrou que a busca de uma solução por parte do Mubadala prova que a tese de vender as refinarias no Brasil para gerar concorrência não deu certo:


— Não deu certo a tese de que vender uma refinaria no meio de um mercado que tem uma área de influência bem definida faria diferença em termos de preço. Ao contrário. Ela não conseguiu praticar esse preço. Como a gente dizia na época no Senado, a refinaria de Porto Alegre não vai competir com a da Bahia na Bahia. Quem tem que suprir a Bahia é a refinaria local ou quem conseguir importar o que a refinaria local não puder suprir ou se ela exagerar no preço. A regulação é própria. Não é fábrica de calçado. Refinaria não é assim, tem área de influência, e isso está provado. Espero que a gente tenha aprendido a lição.


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(Fonte: oglobo.globo.com)

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