PROFESSORES DE UNIVERSIDADES LANÇAM CARTA DE REPÚDIO A PROJETO DA REDE ESTADUAL COM ESCOLA DE INGLÊS
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Acbeu na Avenida Magalhães Neto Crédito: Marina Silva/CORREIO
Professores de universidades federais e estaduais da Bahia escreveram uma carta de repúdio a um projeto do governo estadual com a Associação Cultural Brasil-Estados Unidos (Acbeu), para ensino de língua inglesa em escolas da rede. Para os docentes da área de Letras que assinam o manifesto, o programa, anunciado à imprensa baiana no fim de julho, exclui a categoria do diálogo.
O documento, assinado por 85 professores e ao qual a reportagem teve acesso, pontua que o ensino de línguas no Brasil é historicamente excludente e elitizado, ao mesmo tempo em que tem sido entregue a empresas estrangeiras. Entre os signatários, há docentes de instituições como a Universidade Federal da Bahia (Ufba), a do Sul da Bahia (UFSB), a do Estado da Bahia (Uneb) e a Estadual de Santa Cruz (Uesc).
“Pois, embora pareça uma ação salutar, tal atitude se constitui arbitrária e com muitos equívocos, uma vez que os propósitos de um curso livre de idiomas não se coadunam com a legislação que orienta a educação brasileira para o ensino regular”, diz um trecho da carta, que é endereçada à Secretaria da Educação do Estado (SEC).
Além disso, o órgão teria abandonado um projeto que vinha sendo formatado a partir das discussões com os professores universitários. Trata-se do projeto Outras Palavras, que chegou a ser oficializado em 26 janeiro de 2022, em um decreto publicado no Diário Oficial do Estado naquela data e assinado pelo ex-governador Rui Costa. A secretaria negou que tenha reduzido carga horária de inglês e nem confirmou que o programa foi descontinuado (veja abaixo).
“Essa foi só mais uma das iniciativas”, diz a professora Cristiane Landulfo, do Instituto de Letras da Ufba. Uma das responsáveis pela carta, ela afirma que não houve resposta aos pedidos de diálogo feito pelas universidades.
O Brasil é signatário de documentos como a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, que define que qualquer pessoa tem o direito de aprender as línguas que quiser. “Políticas linguísticas devem ser realizadas no âmbito nacional, estadual e municipal. Não temos, na Bahia, nenhuma política que promova o acesso a diferentes línguas – não só as modernas, mas línguas indígenas e africanas”, explica Cristiane, que é vice-presidente da Associação de Linguística Aplicada do Brasil.

“Políticas linguísticas devem ser realizadas no âmbito nacional, estadual e municipal. Não temos, na Bahia, nenhuma política que promova o acesso a diferentes línguas – não só as modernas, mas línguas indígenas e africanas”
Em 2023, a resolução 155 do Conselho Estadual de Educação chegou a instituir orientações para uma educação plurilíngue no sistema de ensino do estado. O plurilinguismo é uma abordagem de ensino que desenvolve habilidades de comunicação baseadas em todas as experiências linguísticas e culturais, de forma interativa. No plurilinguismo, de acordo com teóricos da área, há um processo de aprendizagem ao longo da vida. O objetivo final não é alcançar a ideia de ‘soar como nativo’, mas se comunicar de forma pluralista e eficaz.
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(Fonte: https://www.correio24horas.com.br)
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