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REVOLUÇÃO DO CACAU TRANSFORMA SUL DA BAHIA EM CELEIRO DE NEGÓCIOS COM MARCAS PREMIADAS NO EXTERIOR

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Quebra de cacau e seleção de frutos para as amêndoas finas e as comuns


Após perder a liderança para o Pará, o Sul da Bahia quer retomar o protagonismo na produção de cacau no Brasil. No fim da década de 80, a chamada vassoura de bruxa, doença causada por um fungo que atinge os cacaueiros, devastou as plantações na região e levou vários produtores à derrocada. Para virar o jogo, a quantidade deu lugar à qualidade. Os produtores decidiram desenvolver novas formas para plantar o fruto e agora começam a colher os bônus dessa escolha, que tem trazido novos negócios e movimentado a economia local.
A região se tornou berço para uma série de marcas de chocolate desde 2017, ano em que teve início o salto de qualidade do cacau produzido na região. Com isso, várias marcas nasceram nos últimos anos, como Dengo, Ju Arléo, Acalanto, Nusca, Caos, Aya, Nakau, Kalapa, Benevides e Monjolo.
No caso da Dengo, um dos mais emblemáticos negócios que surgiram com essa nova era do cacau da Bahia, a aposta é em chocolates com alta concentração do fruto. A empresa chega a pagar até 245% mais do que o preço da matéria-prima na bolsa americana, o que resulta numa melhor remuneração aos produtores familiares, que são maioria.


“O ingrediente de qualidade é mais caro. Na competição por fatia de mercado, as empresas precisam competir pelo preço. Mas há um despertar, não só para a saúde, mas também de cunho sócio-ambiental.”
Em Ilhéus, a Fazenda Condurú, que concentra plantações da Dengo, a companhia tem a Experiência Origem, um tour que mostra aos turistas o processo produtivo da colheita à fermentação e da secagem da amêndoa à produção do chocolate. A ideia é aumentar a conscientização dos consumidores sobre como o cacau vira chocolate.
“A categoria de chocolates é muito sensível a preços. As marcas que competem por volume não se sentem tão assediadas a assumir posicionamentos mais premium. O segundo elemento é que essas marcas precisam ter uma mudança de formulação e qualidade de ingredientes que é quase um outro negócio. A média do chocolate brasileiro é de um produto com muito açúcar refinado, com concentração de mais de 50%. No Brasil e no mundo, o que consumimos é mais um doce do que um chocolate de verdade”, diz Estevan Sartoreli, cofundador e CEO da Dengo.
A marca Ju Arléo Chocolates é outro destaque regional. O chocolate feito por Júlia, com o cacau de sua pequena produção familiar, ficou em segundo lugar no concurso da Academy of Chocolate, em Londres, no ano passado. O produto é um chocolate 70% que se diferencia por ser feito com mel de abelha uruçu, nativa do Sul da Bahia.


“Tudo começou em 2020, em meio à pandemia, por iniciativa da minha filha Júlia. Ela ia às culturas de cacau por lazer e via o cacau, tratado com tanto cuidado, virar chocolate por outras mãos. Ela pediu uma máquina de fazer chocolate de presente do aniversário de oito anos. Foi assim que começamos e, em novembro do mesmo ano, fomos ao mercado”, diz Julianna Torres, fundadora da Ju Arléo Chocolates.
Com o aumento da demanda, a empresa planeja ampliar a produção com aquisição de novas máquinas ainda neste ano, além de lançar mais produtos no mercado.
“Um dos desafios é apresentar o chocolate como um alimento, e não só um produto cheio de açúcar”
Outro negócio que apostou na produção de alta qualidade é a Benevides Chocolates, fundada por Leilane Benevides, em julho de 2018. Movida pelo desejo de unir sua paixão pela confeitaria com seu trabalho como bancária, ela também começou a produzir chocolates em casa.
Hoje, os produtos de maior sucesso de vendas são os sabores regionais, como o chocolate branco Canjica Baiana e o chocolate 55% cacau com jaca. Dois produtos, o 50% cacau cappuccino e o 70% cacau clássico, foram premiados na Academy of Chocolate de Londres.


A Benevides Chocolates compra cacau diretamente de cacauicultores do Sul da Bahia, assim como outros insumos de produtores locais, como frutas desidratadas e itens de artesanato utilizados nos kits com seus chocolates. Em 2022, a empresa produziu cerca de 3 toneladas de chocolate.
A expansão do negócio enfrenta diversos desafios, sendo o principal deles a falta de recursos para adquirir novas máquinas. Outros entraves são o alto custo de embalagens, as temperaturas elevadas da região — que demandam ambientes climatizados 24 horas por dia e aumentam os custos de produção — e a falta de conhecimento do público sobre chocolates “bean to bar” (da amêndoa à barra), que têm maior valor agregado e preços mais elevados.
“O público, em geral, ainda está começando a ter informações sobre os chocolates finos artesanais para diferenciá-los nas prateleiras”, diz Leilane.
Para 2024, a Benevides Chocolates planeja expandir para o Turismo de Experiência, oferecendo aos visitantes uma vivência completa, desde a plantação do cacau até a produção do chocolate.

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