FACÇÕES NO SUL DO ESTADO: GUERRA LEVA TERROR À COSTA DO DESCOBRIMENTO
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Mistério: turistas completam 25 dias desaparecidos em Eunápolis Crédito: sites A Gazeta Bahia / Radar News
Homicídios, roubos e assaltos. Os reflexos da escalada da violência são sentidos em toda a Bahia, tornando a insegurança uma marca do estado. Além da capital, várias regiões convivem com os efeitos do narcotráfico, entre elas a Costa do Descobrimento, zona turística no sul baiano.
Famosa por suas belezas naturais e riquezas históricas, é cenário também para crimes bárbaros e mistérios, que desafiam a polícia baiana, como o desaparecimento recente de dois turistas de São Paulo na cidade de Eunápolis. Ontem, segunda-feira (16), o sumiço deles completa 25 dias.
No último dia 24, Vitor Benites Teixeira, de 28 anos, e Lucas Ferreira de Sousa, de 22, estavam em um bar na região central de Eunápolis, quando decidiram ir de carro para um paredão no bairro Juca Rosa.
De acordo com os moradores, o local da festa é uma comunidade conflagrada pelo tráfico: os confrontos são entre as facções Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), que ainda predomina na cidade, e Mercado do Povo Atitude (MPA), com autuação maior em Porto Seguro. Quatro dias depois, o carro alugado pelos turistas foi encontrado carbonizado.
Procurada, a Polícia Civil informou que “diligências continuam sendo realizadas para localizar os turistas e esclarecer o caso”. “Medidas judiciais sigilosas estão em andamento e demais informações não podem ser divulgadas”, diz a nota. No entanto, fontes ligadas à Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) apontam que o caso seria um sequestro, seguido de homicídio e ocultação de cadáver.
A Costa do Descobrimento tem um território de aproximadamente 12 mil quilômetros quadrados, sendo a área composta por oito municípios: Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.
Uma região com uma grande diversidade de paisagens com praias propícias para a prática de esportes náuticos, rios caudalosos e de água limpa, restingas e manguezais preservados, sendo o segundo destino turístico do estado e o maior parque hoteleiro da Bahia.
A mesma costa, porém, serve hoje como rota para o escoamento de drogas produzidas na região amazônica e no Paraguai, que abastecem o mercado nacional e internacional. As facções criminosas disputam o controle dessas rotas e utilizam a violência como meio de garantir sua soberania.
Segundo o especialista em segurança pública, o professor Luís Lourenço, do Laboratório de Estudos Sobre Crime e Sociedade (Lassos) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), essas mudanças acontecem “justamente porque não se espera ou a polícia tende a não esperar esse tipo de transformação”.
“A região amazônia e as fronteiras com o Paraguai são muito porosas, então elas tendem a facilitar bastante a entrada dessas mercadorias no território brasileiro, justamente por essa porosidade. Você não tem como fazer uma fiscalização tão efetiva de uma fronteira tão grande com imitações orçamentárias de controle que a gente tem. Então, muito provavelmente os melhores e mais efetivos roteiros da droga hoje que circulam no mundo não são acessados pela polícia. Se fosse, a gente teria um desabastecimento e ao nível global desses mercados, o que não acontece. Eles são muito bem irrigados por grandes quantidades de droga”, explica Lourenço.
Segundo o Atlas da Violência 2024, divulgado neste ano, na Bahia, praticamente todos os municípios litorâneos possuíam taxas acima de 47 homicídios estimados por 100 mil habitantes em 2022. Porém, dos 417 municípios, somente 18 possuíam mais de 100 mil habitantes – aproximadamente todos com taxas acima da média do estado (38,0). Entre alguns municípios da região Sul com taxas de homicídio elevadas estão Eunápolis (59,8), Ilhéus (59,3), Teixeira de Freitas (57,8), Porto Seguro (49,9) e Itabuna (47,7).
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