PROJETO MIRA AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NO CACAU
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“2024 foi o melhor ano em termos de preço” para a amêndoa, afirma Vilmar Trevisan — Foto: Arquivo pessoal
Em meio século de lida diária com o cacau, Vilmar Trevisan, de 64 anos, não tem dúvidas que vive o melhor momento da cadeia produtiva. “2024 foi o melhor ano em termos de preço. Consegui negociar o cacau entre R$ 52,50 e R$ 64 o quilo entre abril e maio, com uma média de R$ 56”, comemora o produtor gaúcho.
Os valores negociados por Trevisan equivalem a U$ 9 mil por tonelada, um patamar elevado em relação a 2023, mas bem abaixo do novo recorde atingido ontem.
O produtor cultiva 54 hectares do fruto na Fazenda Alvorada 1, em Medicilândia, cidade do Pará conhecida como “capital nacional do cacau”.
Ele faz parte de um projeto da multinacional Nestlé, em parceria com a consultoria Labor Rural, para aumentar em 20% a produtividade e em 30% a rentabilidade de 100 produtores de cacau do Pará, Bahia e Espírito Santo, em um período de três anos.
O programa ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’ formou um grupo-piloto com 24 fazendas. No primeiro ano agrícola completo, entre setembro de 2023 e agosto de 2024, as fazendas registraram, em média, um aumento de 18% de produtividade em comparação com os 12 meses anteriores.
A produção chegou a 808 quilos de amêndoas por hectare, segundo Igor Mota, gerente de Agricultura de Cacau da Nestlé Brasil.

Já a rentabilidade dos produtores subiu 44%. Para eliminar a distorção da alta histórica do cacau ao longo deste 2024, os valores foram calculados considerando os preços no ano passado.
Segundo Mota, até 2022, a cacauicultura não era considerada atrativa no Brasil, mas isso mudou diante dos preços sedutores. “O estímulo está em aumentar a área cultivada e investir mais. Muitos não sabiam nem o custo de produzir um quilo de cacau, e estamos ajudando-os a entender isso”.
O projeto-piloto foi ampliado com mais 76 fazendas em março de 2024, totalizando 100 propriedades nos três Estados. A Fazenda Alvorada 1 registrou crescimento de até 90% de produtividade em áreas que foram plantadas mudas clonais, passando de uma produção média de 1,3 quilo por planta para até 2,5 quilos, com densidade de 800 plantas por hectare.
A dificuldade dos produtores ainda é colocar na planilha gastos e renda. “É comum que os produtores saibam bem o quanto produzem, porque é o que vendem, mas não têm clareza sobre os gastos. Esse é um dos pontos onde o projeto técnico tem feito a diferença”, afirma Josias Amaral, coordenador de agricultura na consultoria Labor Rural.
O ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’ faz parte do aporte de R$ 110 milhões que a múlti planejou investir no Brasil, entre 2022 e 2025, por meio do programa de sustentabilidade Nestlé Cocoa Plan, pelo qual se compromete a adquirir 100% de cacau sustentável até o próximo ano. Segundo Mota, a companhia atingiu 60% da projeção em 2023, e a meta para o próximo ano é factível.
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