A MORTE E A ARTE DE VALORIZAR O AGORA – Pelo Prof. Nelson Ribeiro
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A morte. Esse assunto que a gente evita, que dá um frio na espinha só de pensar. Mas, cá entre nós, ela é uma das maiores professoras da vida. Desde o primeiro suspiro, ela está lá, nos lembrando que nada é para sempre. A gente tenta ignorar, faz de tudo para adiar, mas, no fim das contas, é ela quem dá sentido ao nosso tempo aqui. Imagina só: se a gente vivesse para sempre, será que a gente realmente viveria? Ou ficaria empurrando tudo com a barriga, achando que sempre dá para deixar para amanhã? A morte, por mais dura que seja, é o que nos faz acordar para o agora.
Quando chega a hora de partir, ninguém fica pensando no carro que comprou ou no cargo que conquistou. O que fica são as conexões, os momentos que a gente viveu com quem amamos. Já reparou como, nos últimos instantes, as pessoas falam de amor, de arrependimentos, de despedidas? É como se tudo o que acumulamos ao longo da vida se dissolvesse, e só restasse o que realmente importa: os abraços, os sorrisos, os “eu te amo” que a gente disse ou deixou de dizer. A morte nos ensina que o que levamos da vida não é o que temos, mas o que deixamos no coração dos outros.
Jamais esquecerei da coisa que mais me impactou com a morte de meu pai. A dor não foi apenas sua ausência física, mas no vazio das memórias não construídas, nas oportunidades que parecem ter escorregado por entre nossos dedos. Viajar menos, conversar menos, estar menos presente – são feridas invisíveis que carrego muito mesmo depois que ele se foi.
A MORTE É IMPREVISÍVEL
E tem mais: a morte é imprevisível. Ela não manda aviso, não espera a gente se preparar. Quantas vezes ela chega de repente, levando alguém antes que a gente tenha a chance de dizer o que sente? É por isso que ela nos ensina a não deixar o amor para depois, a não guardar mágoas, a não perder tempo com o que não importa. Ela nos lembra, de um jeito que dói, que o agora é tudo o que temos. E que cada “até logo” pode ser um “adeus”.
Mas nem tudo é tristeza. A morte também pode ser um alívio, sabe? Para quem sofre muito, para quem já está cansado de lutar, ela pode ser uma espécie de descanso. Já ouvi histórias de pessoas que, nos últimos momentos, dizem coisas como: “A luz… é tão bonita…”. Como se, do outro lado, houvesse algo que a gente não consegue entender. Talvez a morte também nos ensine que existem mistérios maiores do que a nossa compreensão, e que a vida é só uma pequena parte de algo muito maior.
No fim das contas, a morte nos obriga a pensar no que realmente importa. Ela nos ensina que o tempo é precioso, que o amor é o que sustenta a gente, que perdoar faz bem e que despedidas fazem parte da jornada. E, por mais que a gente tenha medo dela, talvez a maior lição que ela traz seja essa: não espere o fim chegar para começar a viver de verdade. Porque, no fundo, a vida é feita de momentos, e cada um deles é uma chance de deixar uma marca, de amar, de ser feliz. Então, que a gente não perca mais tempo, né?
*O artigo não reflete necessariamente a opinião do blog (contrariamente aos editoriais, que são a posição oficial)
NELSON RIBEIRO FILHO – Mestre em Educação. Especialista no Ensino de Ciências e de Química. Especialista em Metodologia do Ensino e Gestão Escolar. Professor da Rede Estadual de Ensino da Bahia e do Município de Jequié. Diretor Administrativo da Secretaria de Educação de Itamari e Diretor de Cultura. Colunista do Blog Zebrão.
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