GOVERNISTAS VEEM COM PREOCUPAÇÃO QUEDA DE POPULARIDADE NO NORDESTE, BASTIÃO DO PT EM ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
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Presidente Lula reza com o arcebispo emérito de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, em evento de inauguração de barragem no Rio Grande do Norte — Foto: Agência O Globo
Região fundamental para as vitórias eleitorais de candidatos presidenciais petistas desde 2006, o Nordeste também registra uma queda acentuada da popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira.
O levantamento mostra que o percentual dos que desaprovam a gestão petista subiu de 37% para 46% entre janeiro e março, tendência que gera preocupação para aliados de Lula. Já o índice de aprovação entre os nordestinos caiu de 59% para 52% no mesmo período.
Como a margem de erro da pesquisa para esse grupo de eleitores é de quatro pontos para mais ou para menos, é possível dizer que há um empate técnico inédito entre a aprovação e desaprovação no Nordeste.
A queda da avaliação da gestão Lula na região se acentuou nos últimos meses.O saldo entre aprovação e desaprovação na região era de 46 pontos em outubro do ano passado e está agora, cinco meses depois, em apenas seis.
Em todas as demais regiões, a desaprovação do governo é maior do que a aprovação. No Sul, o saldo negativo chega a 30 pontos. No Sudeste, é de 23, e no centro-oeste/Norte, de oito.

No segundo turno da eleição de 2022, o Nordeste foi a única região em que Lula venceu o então presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista obteve 69,34% dos votos válidos entre os nordestinos, contra 30,66% do adversário. Nas outras quatro regiões, o candidato do PL obteve mais votos.
Mesmo em 2018, quando Bolsonaro bateu Fernando Haddad, o candidato do PT ganhou na região, por 69,7% a 30,3%. A maior vantagem de um petista em eleições no Nordeste aconteceu em 2006, quando Lula venceu quando Lula derrotou o seu hoje vice, Geraldo Alckmin, à época do PSDB, por 77,1% a 22,9%.
Por causa desse retrospecto, os números trazidos pela Quaest são preocupantes para o Palácio do Planalto.
Integrantes do governo apontam como uma das explicações o fato de ter sido detectada a propagação de muitas notícias falsas no Nordeste, principalmente relacionadas à paternidade de obras para combate à seca.
Também são divulgadas, segundo esses auxiliares do presidente, informações falsas sobre falta d´água em determinadas áreas. A região tem ainda muitas obras paradas e isso acaba prejudicando o governo.
Esses problemas foram detectados durante a preparação de viagens do presidente para estados nordestinos.
Lideranças petistas do Nordeste reconhecem a preocupação com os números da região e atribuem a queda à alta do preço dos alimentos. Apesar do cenário, dizem acreditar em uma recuperação.
— Tenho convicção de que esse quadro logo será revertido. Ele reflete um momento de aumento do preço dos alimentos que mais compõem a mesa do brasileiro e veio seguido de uma onda de desinformação, como as fake news sobre a falsa taxação do pix. O governo tem trabalhado e muito, tomando medidas econômicas importantes para melhorar a vida dos brasileiros, como a isenção do imposto de importação sobre os alimentos e o aumento da isenção do imposto de renda, que irá impactar diretamente na vida de boa parte da população — afirma o governador petista do Ceará, Elmano de Freitas.
O presidente do PT, senador Humberto Costa (PE), diz que os números do Nordeste refletem um cenário nacional com algumas dificuldades para o governo.
— A pesquisa no Nordeste reflete o que está acontecendo nacionalmente. É um momento em que o governo enfrenta algumas dificuldades, mas nós estamos muito tranquilos que vamos conseguir reverter não só no Nordeste, mas no Brasil como um todo.
O deputado José Neto (PT-BA) acredita que o panorama pode ser revertido no Nordeste “com paciência”. A Bahia é governada pelo PT há 18 anos.
— No Nordeste, tem pesado o preço dos alimentos. Mas no meu ver, até o meio do ano, a gente consegue restabelecer as coisas. Na Bahia, temos um governo bem avaliado. Lula teve alguma perda, mas já está se recuperando. Pesquisa quando está muito boa a gente tem que olhar com tranquilidade e quando está ruim também tem que olhar com tranquilidade. (Fonte: G1.globo.globo.com)
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