QUANDO O AFETO VIRA FARMÁCIA – Pelo Prof. Zenildo Santos Silva-Zoom
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O uso de medicamentos para ansiedade tem crescido de forma alarmante. Em conversas informais, é comum ouvir frases como “peguei do amigo”, “a vizinha me deu um que é tiro e queda”. Muitas pessoas têm recorrido a remédios controlados sem a devida orientação médica, como se fossem analgésicos emocionais para dores que, na verdade, pedem escuta, cuidado e acolhimento.
Esses medicamentos são frequentemente usados em momentos de decepção, tristeza ou frustração. Quando algo não sai como o esperado, quando um relacionamento termina ou quando o mundo parece pesar demais, há quem veja no comprimido uma solução rápida. O problema é que, ao silenciar a dor com química, deixa-se de aprender com ela, de encará-la como parte do processo humano.
A dificuldade em lidar com sentimentos tem feito com que muita gente evite qualquer incômodo emocional. Chorar virou fraqueza, sofrer é perda de tempo, sentir é demais. Em vez de buscar apoio profissional ou conversar com alguém de confiança, o atalho perigoso dos ansiolíticos sem prescrição tem se tornado um hábito. E assim, aos poucos, vamos nos afastando da chance de entender nossas dores e crescer com elas.
*O artigo não reflete necessariamente a opinião do blog (contrariamente aos editoriais, que são a posição oficial)
Zenildo Santos Silva-ZOOM, Educador e psicólogo; doutorando em Educação pela UNEB, Mestre em Ensino e Relações Etnicos–raciais pela UFSB, e graduado em Psicologia e Letras.
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