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A morte é pauta nas religiões, considerada como passagem para o outro mundo. Mas aqui, nessas poucas linhas, queremos refletir em outra perspectiva: e se eu morrer daqui a alguns minutos, o que deixarei? Vou me arrepender de não ter abraçado, beijado, pedido perdão? São muitas indagações, se as respostas forem negativas, é sinônimo de que precisamos repensar urgentemente nossa caminhada.
O pedido de perdão, a viagem tão planejada, os momentos em família e outras atividades que amamos muito precisam ser vividas, e não planejadas para um dia qualquer, porque realmente não saberemos quando partiremos, e seja lá qual foi o dia, não seremos avisados… para ligar e pedi desculpas, para contemplar o último abraço ou resolver fazer a última travessura.
Um dia, uma paciente disse algo numa sessão que ficou gravado na minha memória afetiva. “Eu queria muito dizer pra meu pai que eu o amava muito, mas nós brigamos duas semanas antes do seu falecimento, e nesse período eu simplesmente deixei de ir visitá-lo, no caixão, por mais que eu gritasse isso pra ele, meu peito sabia que não estava ouvindo”. Esse depoimento todos os dias me faz pensar em não dormir magoado com ninguém, de aproveitar as poucas oportunidades para dizer as pessoas próximas o quanto eu as amo, e ás vezes de ficar em silêncio só contemplando o outro, porque “a vida é trem bala parceiro”, como diz a canção.
Voltando ao Gugu, se pelo menos depois de morto, deixarmos uma mensagem ou gesto de esperança, a vida também fará sentido, nem só para nosso ego falecido, mas pra muitas famílias, e pessoas. Que a nossa mensagem seja em todos os momentos na certeza de que não pensaremos: “devia ter amado mais, ter chorado mais”…
(Zenildo Santos Silva, Bacharel em Psicologia, especializado em Psicopedagogia; licenciado em Letras Vernáculas pela UNEB. Atende no AEE – Atendimento Educacional Especializado, no acompanhamento de crianças com necessidades especiais)
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