CACHAÇA SUSTENTÁVEL, MINITOMATES E SALADA PRONTA: SAIBA O QUE A AGRICULTURA FAMILIAR LEVOU PARA A AGRISHOW 2024

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Não há dúvidas de que as grandes máquinas são as vedetes da Agrishow, feira internacional de tecnologia agrícola que está sendo realizada em Ribeirão Preto (SP), até esta sexta-feira (3). Mas não são só elas que chamam a atenção. O visitante mais atento descobre curiosidades capazes de deixá-lo boquiaberto. Literalmente.
O estande do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas (Sebrae-SP) é um desses recantos, onde é possível encontrar iguarias como cachaça sustentável, minitomates, salada viva, entre outras.
A cachaça é produzida em Batatais, pela empresa Spinagro, gerida por Laura Vicentini e pelo marido, Rodrigo Spina. Em 2017, eles começaram a produzir mudas pré-brotadas de cana, que só aproveita as gemas no processo e descarta os toletes. Como são adeptos da economia circular, decidiram, em 2020, destinar o que antes era visto como resíduo em matéria-prima para a fabricação de cachaça.
No ano seguinte, eles envasaram a primeira safra da “Sô Zé”, cachaça feita com toletes que recebeu o nome do avô de Rodrigo, José Augusto Tomazella, falecido em 2008. “E acredita que ele nunca bebeu cachaça? Mas era uma pessoa muito preocupada com a preservação ambiental. Plantou matas em torno da propriedade muito antes de se falar em sustentabilidade”, conta Laura.


Ela explica que apenas a parte mais nobre da cachaça, com maior teor alcoólico, é aproveitada. O que sobra é destinado à produção de etanol, que movimenta a frota da empresa. Já o bagaço e a vinhaça se juntam à cama de frango proveniente de nove aviários existentes na propriedade – a mesma em que José Augusto morava e que foi herdada pela mãe de Rodrigo, Eliana –, para virar adubo, que é usado na produção de 4,5 milhões de mudas de cana, fechando o ciclo. Tudo isso em 15 hectares.
O casal extraiu, na safra anterior, 60 mil litros da cachaça, que não é vendida no Brasil. É exclusiva para exportação, para os Estados Unidos e países da Europa, como Áustria, Bélgica, Alemanha e Portugal. Para a atual temporada, a expectativa é dobrar a capacidade. Laura explica que um dos motivos para o envio ao exterior é a facilidade de aceitação do produto lá fora, justamente por causa da proposta sustentável.
MINITOMATE PREMIADO
Boa aceitação tem sentido também a Suzane Pereira, que produz tomates específicos para coquetéis com o pai, Renato Pereira, em Vargem Grande do Sul (SP). Eles aproveitaram o convite do Sebrae para a Agrishow 2024 e decidiram fazer o lançamento de uma marca para o produto, que antes era vendido a granel e agora é oferecido em embalagens de 400 gramas.
A Thomas Happy nasceu com a ideia de oferecer uma variedade mais adocicada e durável. Dentro da embalagem, os frutos, que vêm em cachos, se mantêm frescos por até dez dias, em temperatura ambiente, e até 15 dias na geladeira. Pai e filha produzem o minitomate há oito anos, com sementes importadas do Chile. Da área de dez mil metros quadrados, saem 15 toneladas por mês. Formada em Química, Suzane explica que o pai era produtor de batata, mas resolveu migrar a partir da possibilidade de comercializar o minitomate para um comprador inicialmente. Aos poucos, foram ganhando espaço. E, com a definição da marca, querem agregar valor. No ano passado, a embalagem da Thomas Happy faturou o prêmio Recall de Publicidade, na categoria de packing design.
SALADA PRONTA
Quem aprecia uma mistura de tomate com alface e temperos vai encontrar uma empresa de Itobi (SP) apresentando a salada plantada, pronta para consumir em pequenas quantidades.
A empresa Salada Viva está há dez anos no mercado. Começou com a produção de mudas de hortaliças. Pouco antes da pandemia de Covid-19, o proprietário, Paulo Alvero Jr., percebeu uma demanda, principalmente, de pessoas que moram sozinhas. “Elas compravam alface ou rúcula no supermercado e perdiam rápido, porque não conseguiam comer tudo”, explica. Durante a crise sanitária, o negócio se consolidou.


A solução foi oferecer verduras plantadas em vasos, que se sustentam sobre um substrato de casca de pinus moída e só precisam receber água. Isso aumenta a durabilidade do produto e a comodidade do consumidor, que pode utilizar o alimento aos poucos, conforme a demanda.
Além de alface, Paulo cultiva rúcula, manjericão, hortelã, coentro e salsinha. Esteve pela primeira vez na Agrishow em esquema de revezamento. A cada dia da feira, 25 expositores diferentes ocupam os espaços no estande do Sebrae-SP. Uma forma de valorizar a cultura familiar e pulverizar novidades que dão pequenos toques de charme em meio aos equipamentos gigantes. (Fonte: https://agro.estadao.com.br)

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