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Quantos de nós crescemos acreditando que nossos cabelos crespos eram horríveis, a tal ponto de imitar o modelo ditado pela moda, o liso. Nossas mães que o digam, quanto sofreram com as chapinhas e pentes finos. Em que momento das nossas vidas assistimos nos filmes e novelas protagonistas negros? Aconteceram, mas raríssimas vezes. Quem eram as paquitas da Xuxa, porque todas brancas e loiras? E os paquitos? Quanta distância da nossa realidade. Como uma pessoa que cresce vendo e assistindo tudo isso irá se autovisualizar?
O que dizer de casos apresentados na mídia todos os dias: jogadores que são chamados de macaco, críticas a jornalista Maju, levando em conta sua raça, seu cabelo, como se o negro fosse sinônimo de incompetência. Fora outras situações diárias, de discriminação em elevadores, aeroportos, entrevistas de emprego, comentários em postagens de negros e olhares de um racismo velado e institucional.
Os nossos filhos e netos certamente não viverão o que vivemos, pois acreditamos de fato que as coisas mudarão, já não cabe em pleno século XXI atitudes racistas. E como diz uma grande filósofa negra americana, Angela Dawis, não adianta falarmos que não somos racistas, é preciso agir com práticas antirracistas, ou seja, não permitir em nenhum espaço que brincadeiras de mau gosto continuem acontecendo. E isso cabe a nós, semeadores de uma nova sociedade mais humana, justa e solidária!
(Zenildo Santos Silva, Bacharel em Psicologia, especializado em Psicopedagogia; licenciado em Letras Vernáculas pela UNEB. Atende no AEE – Atendimento Educacional Especializado, no acompanhamento de crianças com necessidades especiais)
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