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MÉDICA LUANA ARAÚJO DESNUDA OS ERROS DO GOVERNO, FAZENDO UM DEPOIMENTO ESTRITAMENTE TÉCNICO – Por Miriam Leitão

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Em depoimento à CPI, a médica Luana Araújo fala de forma segura e clara. Formada por uma das maiores universidades do mundo, a Universidade Johns Hopkins, e educadora em saúde, ela dá uma aula sobre a pandemia.
Há muito a destacar, mas eu escolhi a explicação dela sobre a tese da imunidade de rebanho.
Luana explicou que todo vírus RNA, que é o caso do coronavírus, passa por mutações frequentes. Isso torna “impossível” a imunidade de rebanho pela contaminação. A estratégia também não é inteligente e custa caro, a vida.
O governo defendeu e acreditou na imunidade. Assim como conselheiros do governo, como Osmar Terra, que é médico e foi secretário de Saúde. O próprio presidente disse que o vírus é igual a chuva, e iria molhar 70%.
Isso explica todo o comportamento do presidente contra medidas de proteção e de exposição máxima ao vírus. O senador Otto Alencar definiu como criminosa. É que nessa equação, a variável de ajuste é a morte das pessoas.
– Enquanto a gente está conversando, estão surgindo centenas de mutações. Algumas não vão fazer diferença, e outras vão aumentar o perigo – disse ela, para explicar porque a vacina é eficiente para imunizar, e a exposição ao vírus, não.
Ela defendeu que o enfrentamento da pandemia deveria seguir uma lógica militar. Diante de um inimigo importante, deveria haver união e coordenação do combate. Mas isso não aconteceu no país. Ela alertou que neste momento, o número de casos está caindo ligeiramente, mas a estabilização está num nível perigoso.
Outra parte importante do depoimento foi sobre o comportamento dos Conselhos de Medicina, sobre a prescrição da cloroquina. Luana concorda com a autonomia do médico, mas explicou que isso não dá direito ao médico de fazer experimentações com o paciente fora do conhecimento científico. As associações médicas que deixaram o médico livre para usar cloroquina estavam expondo a classe, expondo inclusive, às pressões dos pacientes.
Corrigiu a expressão sempre usada de que a cloroquina não tem eficácia comprovada.
Faltou desenhar para deixar claro que a defesa da máscara, distanciamento e higiene das mãos “não saiu do nada”. Vem do fato de que o vírus se propaga pelo ar, pelas gotículas que emitimos ao falar, e que podem cair em superfícies nas quais tocamos. Quando o senador Randolfe Rodrigues colocou um vídeo com uma série de falas do presidente contra essas medidas, ela deu uma resposta constrangida. “Como médico é muito ruim ver isso. Isso dói”.
Para dar uma ideia da “hecatombe” que está acontecendo no país com a pandemia, a doutora Luana começou seu discurso dizendo que, se fizéssemos um minuto de silêncio para cada um dos mortos, faríamos 320 dias de silêncio.
Aliás, eu pensei quando a ouvi: Um desses minutos seria dedicado ao meu amigo Ribamar Oliveira que morreu ontem. Ribamar era preciso para a categoria e para o país. Ele dedicou a vida a entender um assunto super árido, as contas públicas, mas que é fundamental entender para o melhor uso do dinheiro coletivo, a forma mais eficiente e transparente de usar os recursos públicos. O jornalista que mais entendia da questão fiscal brasileira é uma das 465 mil vítimas da Covid-19. (Fonte: O Globo)

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