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PRESIDENTE DA CPI DAS FAKE NEWS ÂNGELO CORONEL QUER INVESTIGAR CONTEÚDO DAS CONTAS DERRUBADAS PELO FACEBOOK

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Em uma ação que atingiu em cheio o chamado “gabinete do ódio”, o Facebook derrubou ontem uma rede com 88 contas, páginas e grupos controlados por funcionários da Presidência da República e dos gabinetes do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e os deputados estaduais Alana Passos e Anderson Moraes, ambos do PSL do Rio de Janeiro.
Segundo a empresa, que anunciou a ação ontem em meio à pressão global de grandes anunciantes para tomar medidas efetivas contra discursos de ódio e de desinformação, os perfis e páginas contrariaram as normas da rede social porque agiam sistematicamente para enganar o público, omitindo a identidade dos administradores desde, pelo menos, a campanha eleitoral de 2018. O presidente da CPI das Fake News, senador Angelo Coronel, quer investigar o conteúdo das mensagens propagadas:
— Não vamos fazer um pré-julgamento. As contas foram retiradas do ar por serem consideradas inautênticas. Agora, é importante ter acesso ao conteúdo, para investigar se elas disseminaram mensagens difamatórias.
No Facebook, a rede em questão atuava por meio de 14 páginas, 35 contas pessoais e um grupo. No Instagram, onde também houve remoção de conteúdos, foram identificadas 38 contas envolvidas com irregularidades. Juntas, essas engrenagens mobilizavam uma audiência de mais de dois milhões de pessoas.
De acordo com o Facebook, o esquema envolvia a combinação de contas duplicadas e falsas, cujo objetivo era evitar a fiscalização da plataforma. Elas representavam pessoas fictícias que publicavam conteúdos em páginas que simulavam a atividade de veículos de imprensa. Entre as publicações, havia tópicos sobre política, eleições, críticas a opositores, a jornalistas e organizações de mídia, além de informações sobre a pandemia de coronavírus. Também foram encontrados ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) por meio das hashtags #STFVergonhaNacional e #STFEscritórioDoCrime.
Os dados colhidos pelo Facebook foram analisados por pesquisadores do Digital Forensic Research Lab (DFRLab), ligado ao Atlantic Council, especializados no combate à desinformação, às fake news e a violação de direitos humanos em ambientes online. Em um relatório, o DRFLab aponta que a rede era controlada por ao menos cinco funcionários e ex-funcionários dos gabinetes bolsonaristas.
— É a primeira vez que se identifica uma rede estruturada conectada a assessores da família Bolsonaro. Essa rede manipulava informações, seja para promover Bolsonaro, seja pra atacar opositores. A manipulação é prejudicial para o debate democrático, o que é grave, principalmente quando vem de quem detém o poder — analisou a pesquisadora Luiza Bandeira, que coordenou a investigação do DFRLab.
Um dos funcionários é Tércio Arnaud, assessor especial da Presidência e responsável pela página “Bolsonaro Opressor 2.0”, que era seguida por mais de um milhão de pessoas no Facebook. Já no Instagram, o assessor de Bolsonaro administrava a conta “Bolsonaronewsss”, com 492 mil seguidores. A página era anônima, mas as informações de registro encontradas no código fonte confirmaram que era operada por Arnaud, que já foi funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro.
CONTEÚDO ‘ENGANOSO’
O DFRLab afirma que “muitas páginas do conjunto foram dedicadas à publicação de memes e conteúdo pró-Bolsonaro enquanto atacavam rivais políticos”. O relatório acrescenta que o “conteúdo era enganoso em muitos casos, empregando uma mistura de meias-verdades para chegar a conclusões falsas”. Um dos ataques feitos pela página “Bolsonaro News” teve como alvo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que elogiou a suspensão das contas.
O documento elaborado pelos pesquisadores também cita contas e páginas comandadas por dois assessores de Eduardo Bolsonaro: Paulo Eduardo Lopes e Eduardo Guimarães. Lopes, segundo o relatório, é um dos principais operadores da rede. O Facebook disse ter removido duas contas com o nome de Guimarães, que foi citado na CPI das Fake News como dono da extinta página “Bolsofeio”, do Instagram, que publicava ataques a adversários de Bolsonaro.
O Facebook informou ainda que encontrou indícios da participação de e assessores de Flávio Bolsonaro, mas pesquisadores do DRFLab não encontraram dados conclusivos. Eles acreditam ainda que um funcionário de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), não mencionado pela rede social, atuou em conjunto com o grupo, assim como um servidor empregado pelo deputado estadual Coronel Nishikawa (PSL), da base bolsonarista em São Paulo.
OUTRO LADO
O vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, ambos filiados ao Republicanos no Rio de Janeiro, criticaram ontem a decisão do Facebook. Em nota, Flávio afirmou que, pelo relatório da rede social, é “impossível avaliar que tipo de perfil foi banido” e se “a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura”. O texto ainda diz que “julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia”.
Já Carlos utilizou as próprias redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido. No Twitter, ele escreveu: “Que tipo de mentiras seriam ditas para derrubar o PT nas eleições de 2018? Bastava apenas dizer a verdade vinda de um povo cansado de ser violentado em todos os sentido!”.
A deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) disse, em nota, que nunca foi notificada pelo Facebook sobre qualquer irregularidade: “Quanto a perfis de pessoas que trabalharam no meu gabinete, não posso responder pelo conteúdo publicado”, afirmou. (Fonte: Extra)

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