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BOLSONARO LAVA AS MÃOS COMO PÔNCIO PILATOS E NÃO SABE FAZER CONTAS – Por Olga Curado

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O capitão reformado e candidato à reeleição à Presidência da República lava as mãos do sangue dos milhares de brasileiros que morrem no país, vítimas da covid-19, estimulando que descubramos os nossos rostos, que tiremos a máscara de proteção, para receber o beijo da morte.
A conta de mortos que o capitão com histórico de atleta não aprendeu a fazer é a soma desses brasileiros que fazem filas para receber tratamento.
O candidato à reeleição lava as mãos. Numa hora a culpa é do Supremo Tribunal Federal, que tirou dele o poder de escancarar portas para que o vírus entrasse com mais rapidez, ao dividir com os governos estaduais a responsabilidade pela gestão da pandemia.
Mas o capitão não se rende! Tenta transferir para os governadores o caos que estimulou receitando remédios que não tratam a covid-19. Reforçou o descaso com a vacina na vaidade das aglomerações. E fala em números assombrosos de ajuda aos estados – mas não sabe somar – obrigando os governadores a desmentir valores dos auxílios que proclamou.
Determinado a gerar o caos, ameaçou não pagar auxílio emergencial às pessoas em cujo estado os governadores decretassem medidas restritivas de circulação, tentando criar um discurso de rejeição aos limites de sair por aí. A culpa, então, pela falta de trabalho, seria dos governadores.
O candidato à reeleição quer que as pessoas saiam às ruas para trabalhar, que as fábricas, o comércio, as escolas, os bares, os restaurantes, todos os negócios voltem ao funcionamento. Como Pôncio Pilatos, lava as mãos diante dos riscos de contágio. Faz isso porque tem à sua disposição médicos, hospital, o socorro que nega aos brasileiros, em filas de espera por leitos, por tratamento. E porque “todo mundo vai morrer um dia”.
Talvez pela excessiva dedicação a atividades atléticas, o capitão não tenha tido tempo para aprender a dividir. Não entende que a vacina segura o vírus, que desacelera o número de contaminados graves. Não sabe somar e depois dividir. Não entende que as doses que temos hoje das vacinas para combater a pandemia – disponíveis graças a esforços de um Doria também intempestivo e de um Instituto Butantan resiliente, enquanto a Fiocruz ainda corre atrás, para oferecer suas doses aos brasileiros – não são suficientes para garantir a abertura de todas as portas – das escolas, das fábricas, do comércio e das casas, em segurança.
A turma do candidato à reeleição envergonha as pessoas que lutaram por democratizar o acesso à saúde e criaram o maior sistema público de saúde do mundo, o SUS, e o maior programa de vacinação do planeta, o Programa Nacional de Imunização.
E foi ao lado da turma dele que posou para uma foto, depois de bate papo neste domingo, no Palácio, em Brasília. Uma imagem reveladora.

Presidente Jair Bolsonaro, com ministros e os presidentes da Câmara e do Senado, na noite deste domingo, no Palácio da Alvorada Imagem: Jair Messias Bolsonaro
O general deslumbrado com o posto de ministro da Saúde, com as duas mãos nos bolsos… gesto típico de quem é inseguro, se esconde. Enquanto os colegas, braços cruzados à frente, igualmente com medo, se protegem. Pouco à vontade, mas tentando manter a pose, está Pacheco, pouco familiarizado com essas conversas de fim de semana.
De máscaras anti-covid estão Guedes, dono da loja de conveniência do posto Ipiranga, Pacheco, sócio no governo na presidência do Senado, e Lira, discípulo de Eduardo Cunha, protegendo legado dele na presidência da Câmara dos Deputados. Em prontidão, mas não alinhados.
Desmascarados estão o capitão, chefe da turma, e os generais deslumbrados com o poder: Ramos, Pazuello e Braga Neto. Desafiando a ciência, são eles a imagem do negacionismo e da subserviência ao chefe que aprendeu numa postagem do Twitter que máscara não serve proteção ao contágio do coronavírus.
Todos de mãos lavadas. Mas as mãos não estão limpas; há sangue nelas.

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