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BARRA TORRES FOI O MOMENTO MAIS DIFÍCIL PARA BOLSONARO – Por Miriam Leitão – O Globo

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Até aqui, este foi o depoimento mais duro para o presidente Jair Bolsonaro na CPI da pandemia. Ninguém esperava que o presidente da Anvisa fosse estabelecer uma distância tão grande entre o seu comportamento e o do presidente. O governo já previa ataques do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e não podia esperar apoio vindo de Nelson Teich. O ministro Marcelo Queiroga tentou uma jogada que não deu muito certo, que era não explicitar a sua posição em relação, por exemplo, à cloroquina.
O contra-almirante Antonio Barra Torres foi escolhido por Bolsonaro não por suas credenciais, como o MBA em gestão de Saúde na Coppead, ou pelo que fez na área da Saúde na Marinha. Foi escolhido porque veio da área militar e porque esteve com ele em alguns momentos, como naquele teste feito por Bolsonaro, de levá-lo sem máscara a uma manifestação antidemocrática. “Se tivesse pensado cinco minutos não teria ido”, disse Torres ontem.
Barra Torres negou Bolsonaro várias vezes e confirmou a reunião no Planalto, citada por Mandetta, em que houve a tentativa de alteração na bula da cloroquina.
– O documento foi comentado pela doutora Yamaguchi, o que provocou uma reação, confesso um pouco deseducada ou deselegante minha, de dizer que aquilo não poderia ser, porque só quem pode modificar a bula de um medicamento registrado é a agência reguladora daquele país, mas desde que solicitado pelo detentor do registro – explicou.
O ponto mais importante da negação foi quando o relator Renan Calheiros leu uma lista das declarações e atos do presidente Bolsonaro, e Barra Torres repudiou tudo.
– Todo o texto que você leu agora vai contra tudo que nós temos preconizado em todas as manifestações públicas – disse.
Em seguida, complementou que a população não deveria se orientar pela conduta do presidente:
– Penso que a população não deva se orientar por condutas dessa maneira, ela deve se orientar por aquilo que está sendo preconizado principalmente pelos órgãos que têm linha de frente no enfrentamento da doença.
O que ele estabeleceu de forma clara foi a distância que deve haver entre governo e Estado. A Anvisa é órgão de Estado e por isso tem que estabelecer essa distância em relação à administração de cada momento. Bolsonaro, no entanto, no seu projeto de capturar as instituições, nomeou Barra Torres como um interventor. Mas ele acabou se juntando ao órgão para defender a missão da agência.
Uma pesquisa encomendada pela XP Investimentos mostrou que 67% dos entrevistados apoiam a instalação da CPI e apenas 17% desaprovam. Com o depoimento de Barra Torres, hoje, a comissão ganhará mais fôlego nas próximas semanas. (Fonte: Miriam Leitão/O Globo)

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