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BOZO, O PÉ FRIO – Por Miguel de Almeida

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A foto mais impressionante do 7 de Setembro golpista não foi a da mirrada multidão na Paulista — os 125 mil tiozinhos são um dízimo perto dos 3 milhões da Parada Gay de 2019. Longe dali, na Praia de Copacabana, o mais chocante registro trazia o inefável Fabrício Queiroz tirando selfies com fãs.
Selfies com Queiroz!

A degradação dos militantes forjados nas redes sociais aos poucos constitui seu panteão agônico, numa galeria com Sara Giromini, Roberto Jefferson e Daniel Silveira. E, agora, o acovardado Zé Trovão.
Em comum entre eles, as grades e as tornozeleiras. Com exceção do Queiroz, todos covardemente abandonados pelo Bozo no campo de batalha. Um general não deixa seus soldados ao léu. Para a turma alimentada via Pix (até Alexandre de Moraes interromper o fluxo), não ocorreu que acendem vela para um prosaico capitão reformado — antes um tenente que planejou ato terrorista.
Obnubilados pelos tuítes, assombrados pela sintaxe bozofrênica, mesmo sendo abatidos como moscas, ainda não se deram conta de ter amarrado seus burros a um tremendo pé-frio. Soubesse distinguir o dedo mindinho do polegar, ou mesmo altura de comprimento, uma dedicada militante como a zureta da Carla Zambelli logo identificaria o Capitão Urucubaca.
Aqui não se trata de fake news ou de destruição de reputação. Primeiro, porque existem fatos (serão enumerados a seguir); depois, no caso em tela, nunca houve reputação, mas tão somente uma folha corrida.
Para ajudar na compreensão, e não sermos acusados de má-fé, vale um passeio na História até outro ser igualmente flambado pela má sorte e falta de compostura. Também dono de uma aparência ridícula.

O governo do marechal Hermes da Fonseca foi marcado pelo despotismo e pela incrível conjunção de fatos adversos. Chamado de Dudu pelos cariocas, suas desventuras alimentavam as conversas dos botequins e alegravam os cartunistas. Como ministro da Guerra de Afonso Pena, teve uma altercação violenta com o presidente, que morreria mês mais tarde.
Basta dizer que começou sua gestão sob a Revolução Mexicana e a terminou sob a Primeira Guerra Mundial. Pouco depois de sua posse, foi recepcionado em Lisboa pelo rei Dom Manuel II. Naquela noite, entre um brinde e outro, o monarca português soube ter sido destronado. Dudu ofereceu-lhe abrigo no encouraçado São Paulo. Mais esperto do que Zé Trovão, o soberano preferiu exilar-se em Gibraltar.
De volta ao Brasil, enfrentaria uma sucessão brutal de revoltas — da Chibata (liderada pelo Almirante Negro), de Juazeiro (derrotado pelo Padre Cícero) e do Contestado (quando as tropas rebeldes, lideradas por uma garota de 15 anos, humilharam o Exército). Também na economia era um infeliz — durante seu governo, o Ciclo da Borracha experimentou declínio com a oferta asiática de um produto mais barato.
Ficou ainda famoso por tomar um empréstimo (dois milhões e quatrocentas mil libras) do Lloyds Bank e depositar a quantia numa instituição russa. Banco e valores foram encampados pela Revolução Bolchevique.
Viúvo, o marechal casou-se com a cartunista Nair de Teffé. Foi a primeira vez que a caricatura juntava-se com a caricaturista. (Aconteceria de novo, no Brasil, quando Chico Anysio apaixonou-se pela ministra Zélia Cardoso de Mello: no caso, um comediante casava-se com a piada). Reza a lenda que a polícia proibiu os jornais de dar qualquer palpite no burro no jogo do bicho (então liberado). Entendiam ser uma referência ao presidente.
Já fora do governo, Hermes e Nair passeavam de charrete quando caíram num buraco. Ela quebrou a bacia e o fêmur. Passou a mancar.

E o Bozo? Quase não é um relato, mas um prontuário.
Pulou de paraquedas e chocou-se contra um prédio na Avenida das Américas. Caiu de uma altura de oito metros. Quebrou braços e pernas.
Em campanha, tomou uma facada.
Logo ao assumir, ocorreu a tragédia de Brumadinho. Centenas de pessoas morreram soterradas pela lama.

Passa a ser aconselhado por Mala(faia).
Tomou um tombo no banheiro do palácio, necessitou de ajuda médica.
Wal do Açaí não é eleita.
Em março de 2020, o Brasil entrou na pandemia de Covid-19. Até o momento, morreram quase 590 mil pessoas.

Com seu afamado histórico de atleta, no ano passado teve de retirar um cálculo da bexiga. Logo depois, contraiu Covid-19.
O filho Zero Um compra mansão de R$ 6 milhões.
Em julho passado, ficou internado por vários dias com soluço e prisão de ventre.
No dia 9 de setembro, amedrontado, assina uma carta de desculpas. Não conhece metade das palavras ali escritas.
Ainda tem pesadelos com o surfista dinamarquês.
Espera-se para breve o racionamento de água. Ah, a inflação bateu em 10%.
Em resumo, o marechal Hermes era mais sortudo. (Fonte: O Globo)

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