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AO COMPLETAR 65 ANOS DE EXISTÊNCIA, A CEPLAC NÃO TEM O QUE COMEMORAR. NÃO PODE… FOI DECRETADA A SUA MORTE ENCEFÁLICA – Por Zebrão

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Segundo o site do governo federal, A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira – CEPLAC, foi criada com a finalidade de recuperar econômico-rural da lavoura cacaueira e foi instituído pelo Decreto 40.987, de 20/02/1957, para executar uma política governamental, apoiada pelo então ministro da Fazenda, José Maria Alkimin, com medidas emergenciais de auxílio aos produtores no enfrentamento de uma série de dificuldades decorrentes da queda vertiginosa da produtividade e da produção brasileira de cacau.
As atividades da Comissão Executiva deste plano foram regulamentadas pelo Decreto 41.243, de 03/04/57, e assim foi criada a CEPLAC, num momento de crise, para apoiar o produtor. O Brasil registrou uma produção de 158 mil toneladas de cacau na safra de 1956/57 *.
A CEPLAC foi criada em 20 de fevereiro de 1957, pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, portanto chegando ontem, aos seus 65 anos de existência.
É sem sombra de dúvidas, a mais importante colaboração do governo federal à região cacaueira até os nossos dias atuais.
Mas infelizmente, no dia 20 de fevereiro de 2022, quando completou 65 anos, NADA TEVE A COMEMORAR, ao contrário, está no leito da morte. Respirando por aparelhos, se desligarem, a sua morte está confirmada.
Sem sombra de dúvidas, vai ser o maior sepultamento já realizado na região. Vai deixar milhares de órfãos, aliás, eles já existem, choram, ficam tristes, mas ELA ainda respira e causa um certo alívio, à todos aqueles que passaram por ela, deram a sua vida, o melhor dos seus conhecimentos e se aposentaram, o restante está a espera da sua hora, para também afastar-se da sua família, da sua matriarca, levando boas lembranças e muitas saudades.
O pior de tudo, é que novos filhos não chegaram, para que os mais velhos, passassem a eles os seus conhecimentos, o seu amor, a sua dedicação.
Por incompetência e politicagem, aparelharam o órgão. Pessoas desprovidas de amor até a si mesmas, passaram a dirigi-la, politizando-a, deixando de substituir alguns cérebros de gênios que por ali passaram. Mais de 30 anos sem realizar um concurso… quantos apresentaram-se, não houve substituição.

Que saudades do tempo de PAULO DE TARSO ALVIM, que à frente do planejamento técnico-científico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira – CEPLAC, foi o principal responsável pela organização e implantação dos departamentos técnicos da instituição, de maneira especial do Centro de Pesquisas do Cacau-CEPEC.
Foi diretor técnico-científico da CEPLAC por quase 25 anos e durante esse período a produção brasileira de cacau registrou o maior aumento de sua história e a produtividade média das fazendas baianas aumentou 60%.
Assim como Paulo Alvim, outras centenas de visionários do cacau passaram pela CEPLAC, alcançando o objetivo.
Cada aposentado chora calado, a decadência física, o definhamento, o olhar perdido, daquele ser que era exemplo para o Brasil e hoje encontra-se sem sequer alimentar-se. Alimento só por via oral. Já não pronuncia nenhuma palavra. Já não reconhece aqueles que deram a sua vida por ela. E choram juntos a solidão em que se encontram, graças e principalmente, devido a politicagem de políticos corruptos, interesseiros, que indicaram pessoas sem nenhum vínculo com o órgão, que nunca conheceram a sua realidade.

Passaram a saber, saber não, conhecer o prédio, sua estrutura, no dia da posse, que geralmente era pomposa e cheia de promessas irrealizáveis, pois eles nunca souberam nada sobre a instituição. Alguns nem sabiam o que significava o nome CEPLAC.
Sucatearam a instituição CEPLAC. Os últimos governos federais, principalmente o governo Bolsonaro, por incrível que pareça, no dia do seu aniversário em 2020, 20 de fevereiro, quanto completou 63 anos, teve alterada a estrutura regimental e os cargos em comissão e das funções de confiança do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA.
De uma canetada só, o governo federal extinguiu 49 escritórios locais e sete núcleos regionais, além de estações experimentais, deixando mais de 300 servidores em situação de insegurança, sem saber para onde vão.
Na verdade, o governo acabou com a política de assistência técnica e extensão rural promovida pela Ceplac. Tudo isso sem falarmos nos transtornos para os familiares dos servidores, tendo que adaptar-se todos com uma certa idade a um novo recomeço.

Quando chegamos à Gandu na década de 70, vindos de São Paulo, nos deparamos com uma construção moderna na entrada da cidade. Por curiosidade, nos dirigimos ao local, nos identificamos como funcionário do BANEB e um dedicado funcionário foi nos mostrar a sede da CEPLAC em Gandu. Ficamos encantados com o conjunto da obra e em especial com o auditório.
Tomamos conhecimento que a CEPLAC, possuía uma patrulha mecânica para recuperar e abrir estradas na zona rural, para ajudar a escoar os produtos agrícolas dos seus proprietários. Antes esses produtos eram transportados nos lombos dos jegues e burros. Construiam escolas, construíam pontes. Praticamente dividia a administração com o governo municipal.
A CEPLAC dava as mãos aos prefeitos, que juntos iam em busca de emendas parlamentares dos deputados de cada região, para aplicação nos melhoramentos citados acima. A CEPLAC atuava… quando extinguiram a Patrulha mecânica, os prefeitos recuaram, correr atrás de deputado para destinar emendas para Pesquisa, Extensão… que diabo era isso… além do que, o Instituto do Cacau da Bahia-ICB, também possuía patrulha mecânica para esses serviços.
Os seus funcionários eram chamados de DOUTOR… eram vistos com admiração, pois iam visitar os agricultores e prestavam assistência técnica e atuavam em cerca de mais de 50 municípios.
Além de atuarem na área de ensino, pesquisa, extensão, capacitação e apoio ao desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau.
Os anos se passaram… além da queda o coice. Pois além do sucateamento, perdeu a autonomia, tornando-se um departamentozinho subordinado à secretaria executiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A produção anual do cacau é estimada em 250 mil toneladas. Sendo o nosso país, o 7º. maior produtor de cacau do mundo.
No ano de 2020, o volume total de cacau nacional foi de 174.283 toneladas, enquanto a moagem ultrapassou 219 mil toneladas. A Bahia tem investido em novas práticas para aumentar a produtividade e a qualidade do cacau brasileiro. Temos como exemplo em nosso estado, o sistema de produção do Cacau Cabruca, onde o fruto é cultivado das árvores da Mata Atlântica.
Que pelo menos, dêem um sepultamento digno à CEPLAC. Que os seus “filhos” dedicados servidores, possam dizer: DESCANSE EM PAZ!


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