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CERVEJA: SE VOCÊ NÃO GOSTA, É PORQUE AINDA NÃO ENCONTROU A SUA – Por Flávia Azevêdo

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Débora Lehnen garante que a gente pode beber todo dia por causa dos componentes que ajudam na manutenção da nossa saúde. Não é lindo isso? Só que, para o tiro não sair pela culatra (porque tudo tem limite), mulheres devem respeitar a dose máxima diária de meio litro, considerando cervejas com teor alcoólico por volta de 5%. Convenhamos, é razoável.
A gaúcha sabe do que está falando e trata, especificamente, de cervejas artesanais, tipo as que ela produz. As informações acima não se aplicam a qualquer latinha que você compra por aí, claro. São universos diferentes. Tem gente que torce o nariz para a “modinha”, mas a verdade é que as artesanais não têm conservantes nem passam por processos para retirada de proteínas nem polifenóis, o que deixa as cervejas comerciais mais límpidas. Detalhes que mudam tudo.
Formada em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Débora, ao se mudar pra Salvador, sentia falta dos rótulos que consumia em sua terra natal. Resolveu o problema produzindo as próprias cervejas, em casa. Uma tradição familiar que, aperfeiçoada com os conhecimentos de química, deu tão certo que virou negócio. A empresária é dona da Proa Cervejaria, inaugurada há um ano, em Lauro de Freitas que, atualmente, produz 12 mil litros por mês. Ao lado da fábrica, o Bar de Fábrica, onde recebe clientes para degustação e visitas guiadas ao processo de fabricação das cervejas. Além disso, acaba de inaugurar o Proa Salvador, na rua das Hortênsias, Pituba.
Débora garante que, se você não gosta de cerveja, é porque ainda não encontrou a sua e esclarece uns pontos pra quem quer começar a se achar no incrível mundo das artesanais.
Quanta – O que uma pessoa precisa saber sobre cervejas pra poder circular e escolher bem?
Débora – O mais é importante é estarmos de mente aberta para experimentar novos sabores, mas é importante entender o nosso paladar. Cervejas mais lupuladas conferem amargor e aroma, nas cervejas maltadas percebemos sabores mais adocicados, cervejas onde o foco é a levedura sabores e aromas de frutas e flores, cervejas ácidas refrescância. São mais de 140 estilos para experimentar. O próximo passo é saber diferenciar as Lager das Ales, entender sobre estilos e escolas cervejeiras. A história também é rica e encantadora, não tem como não se apaixonar.
Q – A cerveja sempre foi vista como “vilã” da boa forma feminina. O que é verdade e o que é mito, nesse aspecto?
D – Tudo é uma questão de equilíbrio. Um copo de 200 mL de cerveja tem em torno de 85 Kcal, 100 mL de gin (que é a bebida favorita de quem está de dieta) tem 210 kcal. A diferença é que é muito mais fácil beber 1L de cerveja do que 1L de gin. Para quem procura um consumo moderado de calorias, recomendo optar pelas cervejas ácidas (sours beers), que possuem uma graduação alcóolica mais baixa, logo são menos calóricas.
Q – O que querem dizer termos como IPA, Weiss, Hop Lager, Saison, Vienna Lager, RIS (Russian Imperial Stout) e Fruit Beers?
D – As cervajas IPAs (India Pale Ale) possuem características marcantes dos lúpulos utilizados. As IPAs inglesas são mais maltadas com aromas terrosos dos lúpulos ingleses, já as americanas possuem aromas cítricos e de frutas amarelas provenientes dos lúpulos americanos. O amargor de ambas é acentuado. As Hop Lager são cervejas leves e refrescantes, com aroma e sabor de lúpulo, fáceis de tomar. As Saison são cervejas de estilo belga que tem como foco os aromas florais e frutados produzidos pela levedura. De corpo baixo é uma cerveja complexa e refrescante fácil de harmonizar com comida. A Vienna Lager é cerveja de coloração acobreada com tons avermelhados, sabor de malte evidente remetendo a pão levemente torrado. É uma cerveja equilibrada na qual o amargor dos lúpulos nobres alemães lidam de forma elegante com as notas adocicadas do malte. RIS (Russian Imperial Stout) são cervejas escuras e encorpadas que utilizam maltes torrados que conferem sabores de café e chocolate a cerveja e as Fruit Beers são cervejas que tem como foco a utilização de frutas para conferir aroma e sabor.
Q – O que define uma cerveja como “artesanal”, mesmo quando produzida em larga escala?
D – Não há uma classificação que defina cerveja artesanal, mas eu considero cervejas artesanais produções de até 200.000 L por mês. Fora isso, a utilização de ingredientes selecionados e uma preocupação maior com o produto final, além da utilização de processos que geram mais empregos e beneficiam a economia local. O conceito de artesanal vai além da fabricação da cerveja.
Q – As artesanais chegaram associando sofisticação a uma bebida que, no Brasil, era considerada altamente popular. Como fica a cerveja na mesa? Que tipo de cerveja harmoniza com que alimentos, por exemplo?
D – Quando comparamos cerveja com vinho, por exemplo, percebemos que eles se diferenciam no fato da qualidade do vinho depender do muito do “terroir” e a complexidade da cerveja estar mais relacionada ao processo de fabricação e seleção dos insumos. Da mesma forma, a cerveja poderá produzir uma gama de aromas, sabores e sensações de boca muito maior que o vinho, o que faz com que seja uma bebida muito mais versátil quando se fala em harmonização. Queijos, carnes, massas, pizzas, petiscos, pratos sofisticados, sobremesas… existem cervejas que harmonizam com tudo.
Q – Assim como os vinhos, há cervejas “certas” para diferentes situações? Noite fria, comemorações, para beber na praia… que tipos são mais adequados?
D – A cerveja certa é a cerveja que você gosta. Mas claro que alguns estilos combinam melhor com temperaturas e momentos específicos. Cervejas escuras, encorpadas e alcóolicas são consideradas cervejas de inverno: Barley Wine, Bock, Russian Imperial Stout, Wee Heavy, Dark Strong Ale, Dopple Bock… são alguns exemplos de estilos recomendados. Berliner Weiss, Weiss bier, Pilsner, Hop Lager, Vienna, Kolsch, são cervejas mais refrescantes que harmonizam com verão, mar piscina e praia. Saison, Kriek, Lambics, Flanders Red Ale, Tripel, Quadrupel são estilos ideais para comemorações. Apesar dessas indicações, os baianos me ensinaram que está tudo bem beber uma cerveja escura, alcoólica e encorpada na beira da praia. (Fonte: Correio)

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