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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA SIM! – Pelo Prof. MAURÍCIO SANTANA

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Nos últimos anos, as denúncias sobre o racismo, o machismo, a intolerância religiosa ou a homofobia vem sendo chamadas de “vitimismo”. È utilizado esse neologismo infame como forma de mostrar a superficialidade dos discursos que na maioria das vezes são diluídos no sentido da exclusão e da desigualdade que, de fato, determinam os lugares sociais de negros e de outras minorias, ao comprovar que existe uma elite que pretende manter as coisas como estão, aliás, como sempre foram.
Quando negros e negras denunciam situações de racismo, na maioria das vezes são “confortados” com certas frases estereotipadas que perpetuam ainda mais o preconceito, como por exemplo: “mas você é um negro lindo”; “mas você tem que superar tudo isso”, “ a cor da pele não quer dizer nada”, “você tem complexo de inferioridade”. Diante de tudo isso não se pode deixar de esquecer que quem sofre o racismo é o corpo negro, porque é impossível despir-se da própria pele. Entretanto, é o corpo negro que é assassinado em massa, é o corpo negro que não se vê com representação, é o corpo negro que não tem as oportunidades, é o corpo negro que vira estatística.
Quando vejo o racismo disfarçado com esse negócio de “consciência humana” me recordo do mito da democracia racial que condena o povo negro a outros séculos de exclusão e desigualdade. Corroboro que a consciência tem que ser negra, e antes que qualquer um venha falar do que é justo ou injusto, solicito que vistam minha pele. Discursam-se por aí com um argumento simplista que alma não tem cor, reflito que não é a alma que toma tiro da polícia, não é a alma que não recebe oportunidade de emprego, não é a alma que leva pedrada e apanha quando ousa carregar as insígnias dos orixás, não é a alma que só se vê como subalterno nas novelas da tevê.
Há sim negros de todas as cores. Entretanto, porém, muitos negros que não sabem que são negros. Mais do que fundamental, a consciência negra é uma condição para oportunizar que nossa sociedade racista sinalize do pior jeito a cor da nossa pele, nossos traços ou nossa origem (por exemplo, jogando bananas para jogadores de futebol que nem se autodeclaravam negros). Pior que tudo isso, uma vez forjados de orgulho e resistência, podemos ter uma reação ao racismo sem permitir que determinem nosso lugar no mundo.
O Dia da Consciência Negra é crucial para que todos os brasileiros possam pensar no país que querem construir. Precisamos deste dia para celebrar o orgulho do povo negro, orgulho esse de ter sobrevivido a toda opressão histórica que se enraizou por todos os setores sociais da sociedade brasileira. E quando o racismo deixar de existir, consequentemente deixaremos de falar do DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!!!

(Maurício Santana, Licenciado em História, Professor da rede Estadual e Privada de Ensino, Pós Graduado em História do Brasil, Gestão Educacional e Mestre em Educação)
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