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A DISPUTA DA “COISA ANTIGA” NA SUCESSÃO BAIANA – Por Raul Monteiro*

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Pré-candidato assumido à sucessão do governador Rui Costa (PT) em 2022, o senador Jaques Wagner (PT) ofereceu bem poucos motivos ao eleitor para votar nele ao falar, durante entrevista no final de semana passado, sobre o legado de 16 anos que seu partido estará completando no comando do Estado no próximo ano. À pergunta simples e direta “O que o senhor destacaria nesse legado petista na Bahia?”, Wagner retrucou: “A mudança do jeito de fazer política”, para, logo em seguida, dirigir uma série de críticas ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), nome com que as oposições pretendem enfrentá-lo nas urnas.
“Ele (o ex-prefeito de Salvador ACM Neto) representa uma coisa antiga, independentemente da idade, porque o estilo de fazer política dele não é diferente do que o DEM, ou o PFL, sempre fizeram na Bahia. É impositivo, restritivo, só sobrevive quem ele quer. Basta ver os últimos episódios, a eleição para a presidência da Câmara, ele não está tão bem nem no partido dele”, continuou o petista, buscando unir numa única frase críticas, a maioria veladas, que mesmo aliados dirigem ao estilo centralizador e talvez, no plano político e administrativo, impositivo do democrata, como assinalou Wagner.
Mas qual é mesmo a novidade eleitoral que a propalada mudança no jeito de fazer política do PT representa? Quando foi eleito governador da Bahia, pela primeira vez, em 2006, Wagner, justificadamente, se gabava de ter derrotado um grupo cujo poder político era exercido de forma autocrática. No momento de concorrer à reeleição, pontuava que o legado de seu primeiro governo fora exatamente o mesmo. Quatro anos depois, na hora de passar o bastão para o sucessor, repetiria o discurso. Em 2022, ano em que o petista Rui Costa terá concluído seu segundo mandato, será que ele acha que o mesmíssimo argumento poderá convencer alguém a votar nele?
Se, na primeira oportunidade em que confirmou a um veículo de porte nacional sua candidatura à sucessão estadual, o ex-governador da Bahia não foi capaz de se recordar de nenhuma obra infraestrutural ou de nenhuma política pública que tenham marcado a história de vida dos baianos, nem mesmo da implantação de um estilo de gestão que tenha impactado a forma de conduzir o Estado, o mais provável é que, de fato, não reconheça nada digno de nota e esteja mesmo correto de que não há nada de que valha a pena lembrar ou enfatizar, além da, como sinalizou, “mudança do jeito de fazer política”.
A avaliação não deixa de indiretamente reforçar uma certa crítica de que governos petistas estaduais foram, quando muito, parasitários do sucesso da gestão econômica petista nacional e do impacto de suas ações sociais no país. E, no caso da Bahia, a despeito do esforço pela manutenção do controle fiscal, notadamente a partir da gestão Rui Costa, que o partido não atentou para a importância de tentar reverter os crescentes índices de empobrecimento do Estado, com reflexos diretos na vida da população. Saída da Ford, desistência da JAC Motors são alguns exemplos de insucesso, mas, infelizmente, não são os únicos.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição da Tribuna.

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