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MULHERES PRODUZEM CACAU CERIMONIAL PARA RITUAIS DE CURA

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Noanny Mai e a família criaram a marca Cacauaré, que inclui nibs e outros subprodutos rústicos do cacau Eliane Silva


A advogada e administradora Noanny Maia, filha de produtores ribeirinhos do Pará, herdou do avô as terras de várzea em Mocajuba, onde produz há dois anos um alimento especial usado em cerimônias rituais de cura: o Theobroma cacao, nome científico do fruto que significa alimento dos deuses.
Chamado de cacau cerimonial ou cacau medicinal, o chocolate 100% cacau é feito com amêndoas selecionadas, fermentadas, secas e torradas na propriedade.
É comercializado para mulheres principalmente da região Sul do país, chamadas de “guardiãs do cacau”, que resgatam a sacralização histórica do cacau em rituais de duas horas em que se consome o chocolate líquido acrescido de água e especiarias como pimenta cayena e adoçante natural.
O produto especial é vendido em barras de 1 kg que chegam a custar R$ 200, em vez dos R$ 70, valor de uma barra de chocolate comum.
“Encontramos um nicho de mercado para o produto de nossos cacaueiros nativos de mais de cem anos. O cacau cerimonial da Amazônia oferece uma cura para a alma e é produzido em plantios agroflorestais sustentáveis em uma cadeia que valoriza o trabalho da mulher e paga o valor justo”, diz Noanny, que expôs seus produtos no Chocolat Xingu, Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que foi realizado em Altamira (PA) de 15 a 18 de junho.
Ela conta que o pai morreu de Covid em 2020 e, a partir daí, ela voltou para Mocajuba, cidade ribeirinha do nordeste do Estado que fica às margens do rio Tocantins, com o objetivo de ajudar a mãe e as irmãs no manejo dos 3.000 pés de cacau da propriedade de 6 hectares.
Em 2021, elas ficaram com 3 toneladas paradas por falta de compradores. Foi aí que, estudando a história do fruto usado como moeda pelos astecas e consumidos em rituais pelos maias, ela decidiu fugir dos baixos preços pagos pelo cacau commodity e investir no mercado alternativo do cacau cerimonial.


VISIBILIDADE
Lançou, então, a marca Cacauaré, que inclui nibs (sementes de cacau fermentadas, secas, torradas e trituradas) e outros subprodutos rústicos do cacau. Por safra, a produção chega a dez toneladas.
A participação no festival, diz Noanny, não visou grandes vendas. “É mais uma oportunidade de dar visibilidade ao nosso produto.”
Segundo ela, os efeitos dos rituais com o chocolate 100% podem ser comparados à meditação, à yoga ou até ao consumo do chá de ayahuasca, mas sem os efeitos alucinógenos.

Francisca Josélia e a família têm 4 alqueires que rendem 5 toneladas de cacau por safra — Foto: Eliane Silva


Francisca Josélia Souza Amorim, graduada em etnodesenvolvimento com foco em povos indígenas e tradicionais, já produz o cacau cerimonial há cinco anos em Altamira, no km 21 da Rodovia Transamazônica.
A família tem 4 alqueires que rendem 5 toneladas por safra. Ela também mostrou seus produtos no festival de Altamira.
No período de colheita, geralmente na lua cheia, Francisca espalha mandalas pela lavoura por três dias para agradecer à mãe terra e aos guardiões do cacau pela produção. Após a colheita, faz a quebra, fermentação das amêndoas e secagem sempre ao sol.
Antes de ser processado como chocolate 100% puro, o cacau vai para um altar com cristais e plantas medicinais na cerimônia de consagração e agradecimento aos ancestrais que usavam o fruto como medicamento.
CURA ALTERNATIVA
“Descobri os poderes medicinais do cacau com os povos indígenas. O cacau ajuda a eliminar as toxinas do corpo e auxilia no processo de autoconhecimento, trabalhando espírito, mente e corpo e induzindo à autocura. Rico em vitaminas e minerais, é um ótimo aliado na saúde cardiovascular”, diz Francisca, que recomenda o consumo diário da bebida.
Ela criou a marca Cacau Medicina Flor da Floresta para vender seus produtos. Os clientes são terapeutas de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que trabalham com medicina alternativa. Além das barras puras, a Flor da Floresta oferece amêndoas com cascas, frutos secos e folhas de cacau. (Fonte: https://globorural.globo.com)

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