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O GOLPE DE MORTE QUE JOÃO DORIA DEU EM JAIR BOLSONARO, Por Raul Monteiro*

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A equipe do governador João Doria (PSDB) estudou detalhadamente todos os passos que ele daria no dia em que a Anvisa aprovou, depois de longa expectativa, o uso da Coronavac contra a Covid-19 no Brasil. No momento em que o terceiro voto em favor da única vacina hoje existente em solo nacional foi proferido, os preparativos para que o imunizante fosse aplicado na primeira brasileira, uma enfermeira paulista da linha de frente contra a doença do Hospital Emílio Ribas, já tinham sido concluídos e apenas aguardavam a sua chegada e a do governador na sala em que a imprensa faria o registro histórico.
Assim, Doria roubaria a cena como primeiro governante a viabilizar o uso do imunizante no país, deixando para trás, principalmente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja sabotagem contra as vacinas, mas especialmente contra a Coronavac, tachada por ele como um produto chinês que não merecia crédito nem seria comprado pelo governo federal, ficaria ainda mais evidente. Pior do que isso, a partir daquele momento Bolsonaro passaria a depender, para distribuição aos cidadãos brasileiros, de uma vacina cujo mérito de ter chegado ao Brasil era integralmente de um adversário figadal.
Do teatro de operações em que Doria marcou posição como um político responsável e preocupado com a vida, em nítido e deliberado contraponto à figura de um presidente negacionista, para o qual a imunidade de rebanho deve ser adquirida não pelo método moderno da vacinação mas pela contaminação pura e simples das pessoas por uma doença que muitas vezes leva a óbito, participaria, ainda que nos bastidores, um conhecido baiano. Na longa entrevista que antecedeu o grande momento, o governador chamaria para falar o ex-prefeito de Salvador, ex-deputado e ex-ministro Antonio Imbassahy, fazendo questão de citar todos os cargos que ocupou.
Coube a ele esclarecer porque não fazia sentido ter atendido a um pedido do ministro da Saúde, Ricardo Pazuello, de enviar as vacinas para o Distrito Federal para que fossem reencaminhadas de volta para distribuição em São Paulo quando a cota-parte destina à capital paulista podia ficar retida ali mesmo, como pressupunha a lógica, para imediata aplicação na população. Na verdade, fora Imbassahy que, como chefe do escritório de São Paulo em Brasília, assumira desde o princípio a linha de frente das tratativas com o governo federal para que se incorporasse ao esforço de São Paulo para a aquisição e produção das vacinas.
Mas uma pedra no meio do caminho chamada Bolsonaro impediu qualquer acordo. No dia histórico, havia ainda um temor na equipe de Dória que logo depois se dissiparia. Todos temiam que, vacinada a primeira brasileira em São Paulo, o presidente, usando da argúcia, buscasse assumir por completo a responsabilidade pelo feito numa entrevista que havia sido convocada pelo ministério da Saúde para logo em seguida. Ao invés dele, no entanto, quem apareceu foi um Pazuello, entre esbaforido e atrapalhado, cuja única acusação que conseguiu fazer ao governador foi a de ter dado um golpe de marketing neles todos. (*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje, quinta-feira, da Tribuna)

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